Adebayo Akinfenwa pesa 101 kg e mede 1,80 m, joga no Wimbledon de Inglaterra e não é pelo porte físico que deixa de ser aposta. Há 12 anos a jogar à bola, soma 160 golos – 90 deles de cabeça, um dos últimos e dos mais importantes foi marcado ao Liverpool na Taça de Inglaterra.

Se antes já era estrela, agora é ainda mais. «Demoro 15 minutos até chegar ao balneário, depois de um jogo. Isto porque não paro de dar autógrafos e desde o golo ao Liverpool que demoro ainda mais», disse em entrevista ao jornal AS.

Por ser fã de Steven Gerrard, ameaçou os companheiros de equipa nesse jogo, mas tudo na brincadeira. «Assustei os meus colegas. Adoro-os, e faria tudo por eles, mas disse-lhes que se alguém ficasse com essa camisola teríamos problemas», confessou.

Pai de quatro crianças, procura soluções na Bíblia, ajuda pessoas desfavorecidas e luta para não terminar, como alguns dos seus amigos de infância, «na cadeia». Além de ser futebolista já se tornou empresário têxtil. Tem uma marca de roupa chamada de «Beast Mode On», inspirada na alcunha «A Besta».

«Não foi inventada por mim, ainda que pensem que sim. Surgiu no Youtube na compilação que um rapaz fez de jogadores pesados. O vídeo teve dois milhões de visualizações. Ri-me tanto quando vi, que achei graça e pensei nesse nome para a marca», revelou. A primeira camisola que desenhou tinha uma frase: «Demasiado forte para jogar futebol? Ahahah.»

É assim que Akinfewa responde aos comentários, que por vezes são negativos, e às adversidades da vida. O seu primeiro clube foi o FK Atlantas da Lituânia, aos 18 anos, e lá sofreu de racismo. «Os adversários e até os adeptos do clube entoavam cânticos racistas, como ‘Zigger, zigger, zigger mata o c… negro (nigger)’. Equacionei largar tudo, mas mais tarde pensei ‘Não há ninguém neste país que me derrube’ e fiquei. Marquei o golo do título e aí tudo mudou. Fui apresentado a pessoas importantes e fiz a abertura de uma loja da Adidas», disse.

Assim, aos 32 anos, o avançado do Wimbledon sente-se satisfeito com o rumo da sua carreira. «É sina de quase todos os jogadores sofrer para chegar mais longe. Todos temos a nossa pequena biografia, incluindo os ‘monstros’ Cristiano Ronaldo e Messi. Jogo na terceira divisão, falo para os jornais mais mediáticos… para mim isso são conquistas que devem ser celebradas», justificou.

Simplicidade é coisa que lhe assenta, assim como ao seu dia-a-dia e até à sua alimentação: «Se jogamos no sábado, descansamos dois dias e voltamos a treinar na terça. Depois do treino, faço horas no ginásio. Se o meu irmão vier comigo ainda lá passo mais horas. Quanto a refeições: como três vezes ao dia, mas o meu personal trainer diz que devia comer ainda mais. Eu acho que é o suficiente, porque como apenas para ter energia.»