Afinal, o golo de Iniesta em 2009 provocou ou não um tremendo Baby Boom na Catalunha? Quando o pequeno génio do Barcelona estragou a festa do Chelsea nas meias-finais da Liga dos Campeões, em Stamford Bridge (1-1), a imprensa espanhola entrou em delírio e deixou-se encantar pela fábula.

O Barça venceu o Manchester United (2-0) na final e, nove meses após a dramática reviravolta em Londres, os jornais catalães anunciavam uma subida incrível de 45 por cento na taxa de natalidade na região.

A informação propagou-se pelo mundo, como seria de esperar. Mas poderia um único golo provocar uma corrida desenfreada das mães catalãs às salas de partos, já em 2010?

Será que no final desse encontro, que pendeu para o lado espanhol ao minuto 92, os adeptos do Barcelona decidiram festejar como se não houvesse amanhã e levaram as mulheres na conversa?

Nada como analisar os dados com a incontornável distância temporal. Esta semana, investigadores apresentaram os resultados de um estudo: a geração Iniesta existe mesmo, mas o crescimento da taxa de natalidade na região não passou dos 16,1 por cento. Um ligeiro mas comprovado Baby Boom, portanto. 

Por coincidência ou talvez não, o Barcelona renovou contrato com o jogador nesta quinta-feira. Vai continuar a marcar como culé até 2018.

Mais um golo de Iniesta para alimentar a fábula

A primeira «geração Iniesta» chegou à Catalunha em fevereiro de 2010. Mas a imprensa espanhola achou tanta piada ao conceito que o abraçou para sempre. Ainda por cima, o médio do Barcelona voltou a marcar outro golo decisivo, um remate que emocionou o país.

A 11 de julho, Andrés derrubou a resistência holandesa na final do Campeonato do Mundo. A Espanha de Vicente Del Bosque festejava na África do Sul e, na península ibérica, nuestros hermanos voltavam para a cama. Mais uma vez, falou-se em Baby Boom.

Uma empresa decidiu até fazer t-shirts comemorativas, dividindo preferências entre o fenómeno Iniesta (Fuentealbilla é a terra onde nasceu o médio) e o famoso beijo de Iker Casillas a Sara Carbonero, em direto.


Curiosamente, o jogador do Barcelona foi pai nove meses após o Mundial da África do Sul. Valeria já estava a caminho, no seu caso.

Investigadores admitem ligação entre os eventos e a paixão

Não há dados concretos sobre o evento de 2010 mas voltemos ao estudo que se centra na meia-final da Liga dos Campeões de 2009. Jesus Montesinos, da Xarxa Assistencial Universitaria de Manresa de Barcelona, liderou a investigação publicada esta semana no conceituado British Medical Journal (BMJ).

Os especialistas catalães admitem a ligação direta entre eventos isolados como o golo de Iniesta frente ao Chelsea e a taxa de natalidade numa determinada região: «Os nossos resultados podem ter diferentes interpretações. As emoções humanas a larga escala podem afetar profundamente os níveis demográficos em populações., os eventos nacionais ou regionais podem reduzir o peso da razão e aumentar o peso da paixão.


«A validação dos nossos resultados podia contribuir para um melhor entendimento do comportamento humano, melhorar o planeamento de saúde e até ajudar os legisladores a estimular ou a reduzir as taxas de natalidade», acrescentam.

Na conclusão do estudo, decidem brincar com a situação: «Idealmente, para anular a distância entre os dados de observação e os dados concretos, ajudaria imenso que Iniesta estivesse disposto a repetir a sua intervenção, embora o custo desse estudo pudesse ser proibitivo, sem mencionar que seria penoso para o grupo de referência (Chelsea).»