O corpo de Lionel está ao serviço do seu pé esquerdo. Canhoto, essa raça de futebolistas que se reivindica superior. Uma criação de laboratório, tubos de ensaio, pós de perlimpimpim e génio.

Doses cuidadosamente associadas, frágeis. Cuidado para não quebrar o gigante que não cresceu. O tempo avançou, insuportável, para quem quer mais e mais de Messi. É mesmo verdade ou só mais um drible distópico?

Leo faz mesmo este sábado 30 anos?

Base de dados. Local e dia de nascimento: Rosario, 24 de junho de 1987, ligeiramente atrasado para ‘La Mano de Dios’ e ‘El gol del siglo’; mais do que pontual na relação extravagante com o futebol e fiel com os troféus.

32 coletivos, 22 individuais, contabilizados só os mais mediáticos.

PALMARÉS DE LIONEL MESSI:

Troféus Coletivos

8 ligas espanholas: 2005, 2006, 2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2016
7 Supertaças de Espanha: 2005, 2006, 2009, 2010, 2011, 2013 e 2016
5 Taças do Rei: 2009, 2012, 2015, 2016 e 2017
4 Ligas dos Campeões: 2006, 2009, 2011 e 2015
3 Mundiais de Clubes: 2009, 2011 e 2015
3 Supertaças Europeias: 2009, 2011 e 2015
1 Mundial Sub20: 2005
1 Medalha de Ouro olímpica: 2008

Troféus Individuais

5 Bolas de Ouro: 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015
5 Melhor Marcador Champions: 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015
4 Botas de Ouro: 2010, 2012, 2013 e 2017
4 ‘Pichichi’ liga espanhola: 2010, 2012, 2013 e 2017
1 FIFA World Player: 2009
1 Melhor Jogador Mundial: 2014
1 Melhor Jogador Mundial Sub20: 2005
1 Melhor Marcador Mundial Sub20: 2005

Assassino da previsibilidade, o baixinho-alfa de La Masia é a mais perfeita reconstituição de D10S. Um decalque simetricamente perfeito, arte e engenho, Lionel e Diego, Diego e Lionel.

O esqueleto pequeno não é, nestes dois, desvantagem nenhuma. É uma cornucópia de fugas, travagens, arranques e enganos, armadilhas humanas, possivelmente inclementes.

30 anos de Lionel, quem diria?

Parece ter sido ontem. O Dragão ventoso, gélido, e aquele menino de calções a sobrevoar os joelhos e camisola sem ombros a entrar. 2003, há 14 anos, ainda o desconhecido e a curiosidade lhe sobrevoavam o cabelo longo e a face de acne.

Messi celebra as três décadas de passagem pela vida terrena em Rosario. Prepara o casamento com Antonella Roccuzzo, mãe de Thiago e Mateo, os Cristianinhos catalães.

Prepara a 14ª temporada seguinte no Barcelona, a 14ª temporada a dizer-nos que o futebol é prazer e o prazer é todo nosso.

Em Portugal, impera a teoria desconcertante de que «Ronaldo é que é bom e se gosto de Ronaldo não posso gostar de Messi». Hein?

O bom gosto compatibiliza opostos, principalmente se estes forem senhores dos nossos dias. É o caso. Messi é Messi porque Ronaldo é Ronaldo, e o vice-versa contrário também não nos parece mal de todo.

O mundo do futebol descarrega felicitações e parabéns. Steven Gerrard, por exemplo, não hesita em coloca-lo acima de todos, no trono do jogo que amamos:

«Parabéns para o maios de todos os tempos!»

E Puyol, o capitão truculento, o homem cujo sorriso iguala o monstro do Lago Ness no número de aparições testemunhadas, também não se esqueceu do ex-protegido.

Quantos mais anos teremos Messi só para nós? Aproveitemos tudo o que resta. Parabéns, Leo.