Per Mertesacker abriu o coração e a alma: numa entrevista de rara honestidade, o central alemão, internacional pela seleção principal em mais de 100 ocasiões, revelou que sofre imenso por causa da pressão de ser jogador.

O central que atualmente representa o Arsenal e que no final da época vai pendurar as botas, depois de uma carreira enorme que passou por clubes como o Hannover, o Werder Bremen, fala até num cenário de terror.

«Nós somos privilegiados, mas há alturas em que tudo se torna um fardo. A pressão é tanta que eu prefiro ficar no banco ou até bancada», disse em entrevista à Der Spiegel.

«Por causa das expectativas das pessoas, eu vomito antes dos jogos e outra vezes fico com diarreia. É como se simbolicamente o meu corpo me dissesse que esta situação é 'vomitável'. Antes do apito inicial do árbitro fico com náuseas e uma vez engoli a bilis com tanta força que os meus olhos começaram a chorar.»

Para Mertesacker tudo tem a ver com a pressão que as pessoas colocam em cima dos jogadores: cada vez mais os atletas não podem falhar e é obrigatório vencer de qualquer forma. Não há lugar para perdedores.

«As lesões são muitas vezes mentais. Eu, por exemplo, cada vez que cheguei ao meu limite mental acabei por lesionar-me. É como se o corpo respondesse de acordo com o teu ânimo. Neste momento, o meu corpo está quebrado, já não sinto prazer em jogar.»

Mas este não é um problema de agora: há mais de dez anos que Mertesacker sente isto. Um dos episódios mais marcantes foi o Mundial de 2006, que a Alemanha jogou em casa, na prova que ela própria organizou.

«Obviamente que lamentei a nossa eliminação contra a Itália nas meias-finais, mas por outro lado senti-me aliviado. Lembro-me como se fosse hoje. Depois de perdermos com a Itália só pensava que acabou, acabou, acabou tudo. Finalmente acabou.»