Tem 20 anos, é agora o principal nome na baliza do Shakhtar Donetsk, mas por estes dias as defesas que faz são outras.

O gigante Anatoliy Trubin, de dois metros e já internacional pela principal seleção da Ucrânia, foi um dos desportistas que permaneceu no seu país na defesa do território, face à invasão russa.

A 24 de março, Trubin, o guardião com mais jogos em 2021/2022 pela equipa principal do Shakhtar, clube que em 2014 já tinha sido obrigado a sair da região do Donbass devido à guerra, falou à CNN a partir de Lutsk, cidade no oeste da Ucrânia na qual estava, junto à fronteira com a Polónia e a norte de Lviv.

«Não entendo como isto é possível em 2022 e para mim é um pesadelo e é realmente assustador para todos na Ucrânia. O meu coração está a sangrar. Muitas pessoas, muitas crianças, estão a ser mortas e eu não entendo isto. Putin é um assassino e eu não entendo como é que isto é possível», afirmou Trubin, à CNN.

O jovem guardião foi um de muitos jogadores que, com a suspensão do campeonato ucraniano, ficou livre para poder socorrer e ajudar compatriotas. Amigos. Família. Trubin diz mesmo que os seus colegas do Shakhtar começaram a angariar dinheiro para vítimas da guerra e que ele próprio está a utilizar as suas plataformas sociais para deixar mensagens de esperança e de combate à guerra que está a devastar a Ucrânia um pouco por todo o lado.

«Muitos jogadores estão a ajudar o nosso país e claro que eu vou fazer o mesmo», disse Trubin à CNN, na entrevista de há duas semanas. «É importante para os nossos militares e para o nosso país. Temos muitas mensagens nas redes sociais, tentamos conectar-nos e colocar os nossos poderes e mentes coletivas em diferentes coisas. Tentamos comprar [coisas] e enviá-las para diferentes cidades. É muito difícil, mas é importante para o nosso povo», afirmou, ainda, crente num final feliz para o seu país.

«Vamos vencer esta guerra e o nosso país vai ser mais forte, mais bonito e um dos melhores do mundo. Tudo vai ficar bem. É por isso que continuamos firmes e a treinar. Queremos mudar-nos para o estrangeiro para ter um lugar onde treinar melhor», referiu, ainda, em alusão à parte desportiva, até porque a seleção ucraniana tem em vista o play-off de apuramento para o Mundial 2022 em junho. Nas meias-finais, a Ucrânia defronta a Escócia e, se vencer, joga a final do play-off com País de Gales, para tentar chegar ao Qatar.