A Chapecoense anunciou esta quinta-feira a «decisão unânime» de não entrar em campo, em jogo da última jornada do Brasileirão, frente ao Atlético Mineiro. A medida foi anunciada em conferência de imprensa por Vitor Hugo Nascimento, diretor do departamento de desempenho.

«Não vai haver jogo. Já nos juntámos os que sobraram da direção, jogadores, foi unânime, não vamos jogar. As inscrições acabaram, vão abrir uma exceção, rasgar os regulamentos? Não tem clima. Como se comportariam árbitros e jogadores? Usaram até a palavra festa. Que festa é essa?», referiu.

«Foi muito bom o Atlético Mineiro antecipar-se e dizer que não vem a Chapecó. A Confederação Brasileira de Futebol não manda nada nesse aspecto.»

Recorde-se que a Confederação Brasileira tinha manifestado a intenção de realizar o jogo, enquanto o Atlético Mineiro respondeu logo, pela voz do presidente Daniel Nepomuceno, garantindo que a equipa não compareceria em campo.

Agora é definitivo: nenhum dos clubes se apresentará para realizar o jogo relativo à última jornada do campeonato brasileiro.

Entretanto, Vitor Hugo Nascimento acrescentou que a preocupação do que resta da Chapecoense está com as pessoas, e não com o futebol.

«Temos que nos preocupar com as mães solteiras, com as crianças que precisam ter garantias até o fim da vida. Não queremos saber nem de ser campeão. Estamos a blindar-nos para que ninguém se aproveite deste momento», referiu.

«Estamos preocupados com o choque que os sobreviventes vão ter quando souberem. Estão fora de perigo, num hospital de primeira linha, mas ninguém controla a emoção. Eles precisam dos familiares lá com eles. Imagine-se que acordarão com um monte de pessoas a falar espanhol. Não sabem o que aconteceu, se um, dois ou 10 morreram. Talvez o Neto tenha alguma noção, pois pediu ajuda. Mas é um momento difícil.»