O defesa-central Neto, um dos três sobreviventes da equipa da Chapecoense, foi salvo de ficar paraplégico por uma placa de titânio de 48 milímetros de altura e quatro de espessura colocada nas suas costas.

O objeto, intacto após o trágico acidente de avião da madrugada de 29 de novembro, serviu de proteção ao jogador brasileiro. Como? É o que vai saber a seguir.

A história remonta a 24 de fevereiro, na vitória da Chape sobre o Metropolitano (3-0) a contar para o campeonato Catarinense. Neto sofreu uma entrada dura e ficou, por momentos, paralisado no relvado. O embate com Matheus, avançado do Metropolitano, deixou Neto com lesões entre as quarta, quinta e sexta vértebras.

Daí resultou uma hérnia cervical traumática.

É aqui que surge a placa de titânio, para fixar o problema do central brasileiro nas costas. A 23 de maio, Neto foi operado por Marcos André Sonagli, médico do clube – o mesmo que viajou para a Colômbia em auxílio aos sobreviventes brasileiros da tragédia aérea. A placa evitou o risco de compressão que o jogador, com o passar dos anos, poderia sofrer na medula.

Da recuperação ao regresso emocionado

A cirurgia foi o fator decisivo para evitar males maiores. Após a intervenção seriam seis meses a recuperar. Pelo menos olhando à previsão de um médico de São Paulo. Sonagli foi mais longe e desafiou o defesa canarinho:

«Vamos estabelecer um desafio: voltar em três meses. Vamos buscar isso juntos», atirou o médico da Chapecoense.

Não foram seis. Nem três. Mas sim quatro meses. Ou pouco mais que isso.

Neto voltou aos relvados a 1 de outubro. Um regresso infeliz pelo resultado - derrota com o Vitória, por 4-1 – mas emocionado para um jogador que pensou nunca mais poder voltar aos relvados.

O central da Chape foi o último a ser resgatado com vida na Colômbia. Esta quinta-feira à noite, às 21h00 (19h00 em Portugal Continental), é também o último dos sobreviventes a regressar a casa. A recuperação prossegue.