5 de agosto de 2016.

Parece uma data ainda distante, mas já não falta assim tanto: a fasquia dos «500 dias» foi atingida esta terça. A partir de agora, a contagem decrescente para o arranque dos Jogos Olímpicos do Rio começa a acelerar: se ler este texto na quarta-feira já vão ser 499 dias para a grande abertura. Um ano, quatro meses e 19 dias. Perto de 12 mil horas. O relógio está a contar. 

Os números não deixam dúvidas: estaremos perante um dos maiores eventos desportivos de sempre.



Dez mil e quinhentos atletas envolvidos, de 205 países, participarão, durante 17 dias (de 5 a 21 de agosto), em provas que irão distribuir 306 medalhas (136 femininas, nove mistas e 161 masculinos), e 42 modalidades. Duas delas (golfe e râguebi), regressam após longos períodos de ausência: 112 e 92 anos, respetivamente.

Haverá 33 locais de competição, em quatro regiões da cidade: Deodoro (9), Maracanã (5), Barra (15) e Copacabana (15).

Os 7,5 milhões de ingressos disponíveis começam a ser postos à venda no próximo dia 31, sendo que 3,8 milhões deles (pouco mais de metade) tem um preço até 20 euros (70 reais).  

Outros números impressionantes sobre a organização do megaevento que o Rio acolherá daqui a 500 dias: 11 milhões de refeições, 17.760 bolas de ténis, mais 40 cavalos, 60 mil cruzetas, 40 mil cadeiras, 80 mil mesas.

O Comité Rio 2016 reuniu 45 mil voluntários, oito mil funcionários e mais 85 mil pessoas envolvidas de forma indireta na organização (os «terceirizados»).

Será a 29.ª edição dos Jogos Olímpicos de verão -- e apenas a sétima no continente americano (as primeiras seis foram na América do Norte). Houve três na Ásia, duas na Oceânia e 17 na Europa.

Dimensão gigantesca, em local mágico: a «Cidade Maravilhosa» está ansiosa por acolher os «Deuses do Olimpo» e até já preparou esta receção musical, para deixá-los de «perna bamba de tanto sambar...»

 



Objetivo: 400 mil estrangeiros
 
Há uma grande meta a atingir: 400 mil turistas a visitar o Brasil por causa das Olimpíadas-2016. 

O presidente do Instituto Brasileiro de Turismo, Vicente Neto, acredita nesse objetivo: «Com o objetivo de divulgar o Brasil no exterior e convidar os turistas para a Copa do Mundo, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) percorreu 17 países até ao ano passado. A campanha, intitulada Goal to Brasil, ganhará novo formato com foco nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A nova versão terá a participação de atletas das modalidades que compõem o programa das competições e terá início nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho.»
 
A expetativa é que o Brasil atraia entre 380 e 400 mil estrangeiros, número que a Embratur tenta ampliar com a participação em feiras internacionais, tendo os Jogos como tema principal. Outro desafio é prolongar a permanência dos turistas no país, sobretudo pela realização dos Jogos Paraolímpicos.

A segurança

Um dos pontos sensíveis será, obviamente, a segurança. Por ser um evento com impacto global e, claro, por ser no Brasil, país que tem um índice de criminalidade urbana muito elevado (durante o ano de 2013, foram registados 4.761 homicídios no Rio, um valor equiparável a zonas de guerra).

O governo brasileiro vai destacar 38.000 militares para garantir a segurança durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A maior parte deste contingente estará em funções no Rio de Janeiro, mas o exército também estará presente em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, cidades que vão acolher os jogos do torneio olímpico de futebol.

O total de militares também prevê um número ainda não determinado de membros do exército, da força aérea e da marinha, que ficarão de prevenção durante a realização do evento.

O Ministério da Defesa brasileiro prevê destinar um total de 183 milhões de euros para financiar as suas atividades nos Jogos Olímpicos no triénio 2014-2016.

O que está a correr bem
 
Um megaevento como este tem sempre, ao mesmo tempo, coisas a correr bem e coisas a correr mal.

Comecemos pelo lado positivo.

A zona do Maracanã, que acolherá as cerimónias de abertura e de encerramento, praticamente todas as instalações estão prontas. O principal foco de preocupação nesta parte é o Estádio João Havelange, que terá uma ampliação de 45 mil para 60 mil pessoas, processo que só estará concluído no primeiro semestre de 2016. 

Em Deodoro, a área de competição desportiva tem perto de 60% das instalações concluídas. Os prazos estão apertados, mas ainda há margem para ser otimista.


O que tem que andar mais depressa
 
O Parque Olímpico é um dos projetos que mais necessitará destes 500 dias finais. Considerado o centro fulcral do Rio-2016, reunirá uma área total de um milhão e duzentos mil metros quadrados. «Temos uma previsão de 100 mil pessoas circulando por aqui. Para isso, nós temos dois modais do BRT abastecendo o parque e essa via olímpica tem extensão de 1km, vai ligar o principal portal do parque olímpico», explicou Joaquim Monteiro de Carvalho, presidente da Empresa Olímpica Municipal, citado pelo Globo Esporte. 

Num total de nove instalações no Parque Olímpico, só duas estão prontas (Parque Aquático Maria Lenk e a Arena Rio), sendo que mesmo estas precisam de adaptações.

Mesmo assim, Monteiro Carvalho recusa a ideia de «atraso»: «Serão 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas. Todas as obras nesta área estão dentro do prazo, dentro do cronograma e dentro do orçamento. Casa arena tem seu prazo de conclusão». 

A Aldeia Olímpica está com taxa de conclusão de 75% e deve ficar pronta no fim deste ano. O local que vai alojar os atletas e delegações tem uma área de 475.000 metros quadrados, com 31 prédios de 17 andares, divididos em sete condomínios. 

 

E depois dos Jogos?

É sempre uma inquietação pertinente: como vai correr o pós-evento? Haverá sustentabilidade para as infra-estruturas que ficam?

No caso das arenas que acolherão modalidades no Parque Olímpico, passarão a ser centros de treinos dos atletas brasileiros, depois dos jogos.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comité Rio 2016, em entrevista à «Sputnik News», a propósito dos 500 dias para o arranque, garantiu: «O nosso cronograma está sendo cumprido. Superámos pequenos atrasos, como os do velódromo e do Complexo de Deodoro, que está até um pouco avançado».

Mas restam dúvidas que devem gerar mais preocupação do que otimismo.

O Comité Olímpico Internacional já apontou falhas no velódromo, no campo de golfe e no centro de hipismo.

Entre julho deste ano e maio de 2016, o Comité Rio-16 levará a cabo 44 eventos-teste, muitos deles em obras ainda por concluir.