O novo treinador do Botafogo, o português Bruno Lage, sublinhou esta quarta-feira, na apresentação no clube, a importância de dar continuidade ao trabalho feito no passado mais recente com Luís Castro, que deixou o emblema brasileiro na liderança do campeonato.

«Faremos tudo, eu e a minha equipa técnica, para continuar esta época fantástica. Já treinei o glorioso de Portugal, agora vou treinar o do Brasil. É um momento muito importante para mim e dou graças por ter sido o escolhido para levar esta tarefa até ao fim», afirmou, na conferência de imprensa, desejando «sorte para Luís Castro» no Al Nassr.

Sobre a pressão e o desafio de assumir uma equipa que está no topo da tabela e do objetivo de ser campeão, Lage apontou ao dia a dia e relativizou os méritos, em caso de conquista. «Os desafios são diários, o mais importante, independentemente de quem possa retirar os méritos, é o Botafogo, no final, atingir os objetivos. E se está em primeiro é ser campeão. Se os méritos forem do Luís ou do Bruno, é indiferente», defendeu, antes de revelar que falou com Luís Castro.

«Falámos um pouco e o que ele me disse – e que salta à vista – é o grupo fantástico de jogadores e staff do clube, para levar este projeto a bom porto. O mais importante é a nossa adaptação ao que foi feito até ao momento e dar continuidade ao processo. Temos um passado parecido. Enquanto o Luís era coordenador do FC Porto, eu era treinador na formação do Benfica. Cruzámo-nos várias vezes. Assumiu a equipa B do FC Porto e a equipa A, eu fiz o mesmo percurso», lembrou, recordando também desafios que teve no passado, nomeadamente quando foi campeão no Benfica, para comparar ao que encontra agora no Botafogo, no Brasileirão.

«Não sei dizer o que é fácil ou difícil. No passado recente, em vários campeonatos, várias vezes essas situações aconteceram. Já venci um campeonato em que tínhamos sete pontos de desvantagem, na época seguinte tínhamos sete de vantagem e o treinador que na época anterior tinha perdido, venceu [ndr: Sérgio Conceição]. Em Inglaterra, assistimos a isso este ano [Arsenal]. No futebol nada é garantido, ninguém garante que se o Luís continuasse iria vencer, nem nada garante que com a troca de treinador, que acontece por uma oportunidade diferente na vida dele, as coisas vão tomar outro rumo. Temos, não de pensar muito à frente, mas pensar sim no que vamos fazer a seguir. Vamos começar a trabalhar em tudo para estarmos prontos para receber a equipa e preparar o jogo seguinte», disse.

Lage fica com uma ligação ao Botafogo até ao fim do ano e também falou do futuro. «Tocam no ponto dos seis meses, é um ponto de partida. Imaginem que daqui a seis meses o Botafogo continua satisfeito com o nosso trabalho e nós com o que vamos vivendo com a direção, adepto e jogador… Hoje quem tira o Abel do Brasil? Ninguém. É viver um dia de cada vez, o mais importante é a forma como vivemos o trabalho, o dia a dia», respondeu, antes de dizer como se deu a chegada ao clube.

«Aconteceu uma primeira conversa em que falámos três horas sobre futebol e quando se concretizou a saída do Luís, surgiu uma primeira proposta e os nossos empresários e advogados começaram a discutir, a tratar da nossa vinda e começámos a olhar para tudo o que envolve o Botafogo. Já disse o que o Luís transmitiu e basicamente as questões sobre a equipa ficam para mim, mas aquilo que ele disse foi que ia encontrar um grupo maravilhoso. Isso é que é importante realçar», frisou, falando, por fim, da ideia para o futebol no Botafogo.

«Gosto de ver uma equipa agressiva no ataque e isso depende muito dos jogadores. Já senti que o Botafogo tem esse perfil. Não me interessa se perdemos muito tempo a tocar a bola, a variar jogo. É importante, mas quando a equipa chega ao terço final, quero sentir essa agressividade. A equipa é muito forte nisso. Vejo unidade nesta equipa, identifico-me com isso. Há uns tempos, com jogadores de renome, mas também alguns da formação, demos aquela virada no campeonato [Benfica, em 2019]. Independentemente do nome, todos têm de estar preparados para trabalhar. Tenho verificado isso no Botafogo. Todos defendem, o primeiro é o Tiquinho, que corre e é agressivo. Reflete o que é a equipa», concluiu.