A Europol anunciou esta quarta-feira que a «Operação Matrioska», conduzida pela Polícia Judiciária com o seu apoio, permitiu desmantelar uma presumível célula de uma importante rede mafiosa russa, responsável pelo branqueamento de «muitos milhões de euros» desde 2008.

Um dia após a operação ter resultado na detenção de vários responsáveis ligados à SAD da União de Leiria, incluindo o seu presidente, o russo Alexander Tolstikov, o Serviço Europeu de Polícia explica que a forma de atuação do grupo criminoso consistia em identificar clubes de futebol na União Europeia em dificuldades financeiras, «infiltrando-os» através de «benfeitores».

Esses clubes, explica a Europol em comunicado, eram depois utilizados para a prática de lavagem de dinheiro, a maior parte do qual proveniente de atividades criminosas praticadas fora do espaço comunitário. Após conquistarem a confiança dos clubes, os «benfeitores» planeavam a sua compra, através de «testas de ferro» de redes «opacas e sofisticadas», normalmente com empresas «offshore» e em paraísos fiscais.

Desse modo, nunca eram identificados «os verdadeiros donos e aqueles que em última análise controlavam o clube» e, consequentemente, «a origem dos fundos utilizados» para a sua aquisição.

Depois de adquiridos, os clubes eram utilizados para lavagem de dinheiro sujo, através de operações como transferências de jogadores, com a sobre ou subvalorização destes, e negociações de direitos televisivos, assim como para atividades em torno de apostas, tanto para simples branqueamento de dinheiro como para manipulação de resultados.

Usando este método, em julho de 2015, o grupo adquiriu o União de Leiria, clube que atravessava uma grave crise financeira.