O Brasileirão 2015 começa este sábado, com um atraente Palmeiras-Atlético Mineiro e um duelo entre dois emblemas que, em princípio, vão lutar para não descer: Chapecoense-Coritiba.

E no domingo, a primeira jornada tem mais dois embates escaldantes: o Cruzeiro-Corinthians (que opõe o bicampeão ao principal favorito ao título) e ainda um São Paulo-Flamengo (com outros dois candidatos ao ceptro de 2015).

Os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro vão defrontar-se em duas voltas num total de 38 jornadas.

Além do título, estão em disputa quatro vagas para a Libertadores 2016 e há quatro lugares indesejados, os do «Z4» da descida à Série B.

Sem o Botafogo, que se assume como super favorito na Série B, a Série A do Brasileirão 2015 arranca depois de
dois anos de clara superioridade do Cruzeiro, um «tri» da Raposa seria, sem dúvida, a confirmação final de que Marcelo Oliveira conseguiu criar a melhor fórmula para encarar a luta pelo primeiro lugar num campeonato de regularidade, como é a Série A do Brasileirão.

Mas, pelo menos neste arranque, a equipa de Belo Horizonte não surge com o favoritismo que tinha há precisamente um ano (e que viria a ser confirmado em pleno).

Há outros pretendentes com credenciais (alguns deles, com plantéis recheados de nomes mais sonantes, quando comparados com o elenco do Cruzeiro).

CRUZEIRO CAMPEÃO EM 2013 E 2014:

 


Apesar do estatuto de bicampeão, o Cruzeiro aparece em 2015 com perdas importantes: Lucas Silva saltou para o Real Madrid, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart também saíram. O meio-campo da Raposa perdeu as peças essenciais dos dois títulos, mas lá na frente Leandro Damião pode ser uma das figuras deste Brasileirão 2015. Talvez não chegue para o «tri», mas pode dar para garantir a Libertadores. 

Corinthians: favorito interrogado
 
Um dos principais desafiadores do Cruzeiro na busca do título é o Corinthians. Campeão mundial de clubes em 2012, o «Timão» teve dois anos complicados em 2013 e 2014, mas o regresso de Tite ao comando técnico parece ter relançado o otimismo.

Alessandro Abate, repórter do «Lancenet», antecipa:  «Espero um Brasileirão muito disputado neste ano com clubes bem equilibrados. O Corinthians tem leve vantagem por ter a sequência de um bom trabalho de Tite, mas para confirmar a luta pelo título precisa segurar Guerrero, que tem o contrato vencendo em julho deste ano. Internacional e Palmeiras têm elencos interessantes e podem ganhar fôlego numa competição disputada por pontos corridos. O bicampeão Cruzeiro enfraqueceu e deve lutar por vaga nos quatro primeiros».  

Com um onze-base claramente formado (Cassio; Fagner, Felipe, Gil, Fábio Santos; Elias, Ralf, Renato Augusto; Jadson, Guerrero e Emerson), Tite dispõe de trunfos suficientes para atacar o título, embora tenha alguns problemas a resolver.

«É preciso definir que identidade terá nesta temporada. Porque o Corinthians começou o ano encantando com futebol vistoso, tabelinhas e golos, mas desapareceu em meados de abril. Por ser equipa em formação, é natural que aconteçam altos e baixos, mas o que surgiu após o primeiro declínio técnico assustou. Eliminado do Paulistão pelo Palmeiras na Arena Corinthians, o Timão sofreu derrotas consecutivas por 2 a 0 para São Paulo e Guarani, pela Libertadores, e não se encontrou», nota Maurício Oliveira, no «Lancenet».

Lucas Faraldo, repórter do Lance, também tem algumas dúvidas quanto ao suposto favoritismo do Timão: «O Corinthians, hoje, é uma incógnita. O time de Tite, que há poucas semanas encantava até mesmo os mais ferrenhos torcedores rivais, acumulou recente sequência de maus resultados (e, pior, atuações). Num cenário otimista, o clube pode enfim pagar premiações e direitos de imagem atrasados, os jogadores podem "fazer as pazes" com o bom futebol e o time pode brigar pelo hexacampeonato brasileiro (já foi provado existir potencial para isso). Por outro lado, numa visão pessimista, a crise financeira pode aumentar, nomes de destaque podem sair (contratos de Guerrero e Emerson Sheik vencem no meio do ano) e o time pode engatar sequência irregular a exemplo do que aconteceu nas duas últimas temporadas.»

 
São Paulo, um «vice» com ambições 
 
Segundo classificado do Brasileirão 2014, o São Paulo surge com ambições de subir para primeiro em 2015. 

Já sem Muricy Ramalho, que abandonou o cargo por motivos de saúde, e com Milton Cruz no comando interino há mais de um mês (fala-se na possível contratação de Jorge Sampaoli, que orientou o Chile no Mundial, depois de ter falhado a contratação de Alejandro Sabella, que levou a Argentina à final do Brasil-14), o São Paulo apresenta um dos plantéis mais fortes, embora com algumas indefinições importantes.

Não se sabe se Dória terá empréstimo renovado pelo Lyon; Michel Bastos sofre de dengue; Alan Kardec (ex-Benfica) tem lesão para algum tempo.

Mesmo assim, o «tricolor» do Morumbi, seis vezes campeão brasileiro, tem um onze-base de qualidade: o «eterno» Ceni na baliza; depois Bruno, Toloi, Lucão e Reinaldo: Hudson, Reinaldo e Denilson; Ganso, Pato e Michel Bastos. 

 
At. Mineiro, Inter e Palmeiras à espreita
 
Com menos hipóteses à partida do que Corinthians, São Paulo e Cruzeiro, mas também à espreita para entrar na luta pelo título, estão Atlético Mineiro, Internacional de Porto Alegre e Palmeiras.

O «Galo» perdeu a estrela, Diego Tardelli, escolha habitual de Dunga para o ataque do escrete e agora a atuar na China, mas solidificou Pratto como referência ofensiva, tendo outros nomes fortes como Dátolo e Luan na ajuda.

O Palmeiras e o Internacional de Porto Alegre mostram plantéis equilibrados. O Verdão dispõe de armas como Valdivia, Rafael Marques ou Arouca; o Inter apresenta craques como D'Alessandro e Nilmar para terminar com jejum que dura desde 1979, ano do último título no Campeonato Brasileiro para o Colorado. 

Flamengo, Fluminense e Santos têm estatuto, mas talvez não tenham dimensão para sonharem com o título brasileiro 2015.