Final de época, tempo de despedidas. Adeus definitivo para alguns grandes nomes do futebol internacional, também hora de despedida para jogadores que se tornaram símbolos dos clubes e estão de saída, mesmo que não terminem a carreira. E outros tantos pontos de interrogação, numa altura em que muitos jogadores, também de primeiro plano, não têm o futuro nos clubes claramente definido, pelo que não terão esse momento de consagração em campo, junto dos adeptos.

O próximo fim de semana, quando cai o pano sobre quase todos os principais campeonatos, promete ser de emoções fortes. Pelas decisões ainda na mesa, claro, mas também pela oportunidade de uma última homenagem em campo a jogadores que marcaram. Mesmo que em alguns casos as saídas arrastem alguma amargura pela forma como termina a relação com os clubes, esta é a hora de recordar o que é realmente importante.

Antes de mais em Munique. O Allianz Arena dirá adeus a dois grandes. Philip Lahm e Xabi Alonso farão o último jogo pelo Bayern, o último das suas carreiras. Vão ter homenagem especial. Antes do pontapé de saída do jogo com o Friburgo, marcado para as 14h30, naquele que será um longo dia de celebração para o clube, aquele em que comemorará, no estádio e depois nas ruas da cidade, a conquista do campeonato.

O capitão Philip Lahm é a grande referência do Bayern na última década. Foram 22 anos de ligação ao clube, 500 jogos e 21 títulos, entre os quais oito Bundesligas e uma Liga dos Campeões, onde jogou 112 partidas.

Xabi Alonso passeou classe no meio-campo do Bayern ao longo de três temporadas, onde chegou na segunda época de Pep Guardiola já com todos os troféus imagináveis no currículo, com a seleção da Espanha, com o Liverpool e com o Real Madrid.

O adeus do Allianz Arena e do Bayern promete estar à altura do momento. Se depender dos companheiros de equipa estará, garante por exemplo Robert Lewandowski, a lançar o jogo de despedida da época em declarações ao site do clube: «A nossa maior motivação deve ser dizer adeus a duas lendas como são Philip Lahm e Xabi Alonso.»

Outra despedida de uma enorme referência será a de John Terry. O capitão vai mesmo deixar o Chelsea, a única dúvida que resta é se continuará ou não a jogar. O cenário do adeus a Terry já esteve em cima da mesa e não aconteceu na época passada, mas desta vez é a sério. Depois de ter começado a despedir-se com o golo que abriu o louco jogo frente ao Watford de consagração do título do Chelsea, Terry despede-se de Stamford Bridge no domingo, no jogo com o o Sunderland. É o fim de uma era, a partida daquela que foi a grande referência do novo Chelsea que, com os milhões de Roman Abramovich e lançado por José Mourinho, se tornou um dos grandes da Europa. Vai ser «triste e emotivo», diz o próprio Terry, a recordar os 22 anos de ligação a Stamford Bridge, que tiveram de tudo, bom e mau. 

Se em relação a Terry já não há dúvidas, há vários outras referências de clubes da Premier League que também podem fazer o último jogo no fim de semana, mas cujo futuro ainda não está claramente definido. No Liverpool Lucas Leiva, no final de um contrato que representou uma ligação de dez anos ao clube, mas ainda sem que tenha sido assumido o adeus definitivo. Ou Michael Carrick, também com o vínculo ao Manchester a expirar, mas no seu caso com claros sinais de que José Mourinho quer prolongar a ligação do médio de 35 anos ao clube. São 11 épocas e, apesar da idade, a utilidade de Carrick ainda foi evidente esta época.

Há muitos casos destes. Ainda em Inglaterra, também Yaya Touré, cuja relação com o Manchester City tem sido intempestiva, mas cuja renovação parece estar a encaminhar-se. Sinal disso o facto de o último jogo no Ettihad ter concentrado as despedidas noutra figura do clube. Alguém que, como o próprio disse, é de outra era, do tempo em que ainda não tinham chegado os milhões que fizeram crescer em ritmo acelerado os azuis de Manchester. Pablo Zabaleta.

O City aproveitou o último jogo em casa, nesta terça-feira frente ao WBA, para uma homenagem ao lateral argentino de 32 anos, que termina contrato. Com o Ettihad a servir de motor, com tarjas nas bancadas que diziam coisas como ThankYou #OurZab ou cânticos a pedir «We want Pablo.» Já a vencer por 3-0, Guardiola abriu caminho à enorme ovação que acompanhou a entrada de Zabaleta em campo, a render David Silva. No fim o estádio recordou imagens do defesa clube ofereceu-lhe lugar vitalício no estádio e uma camisola que dizia «Zabaleta 333», o número de jogos que fez pelo clube.

Já houve mais despedidas esta época. Calorosa, mas não tão participada a de Gorka Iraizoz, guarda-redes que deixou o At. Bilbao ao fim de 10 anos. O último jogo em San Mamés, no domingo, foi o empate com o Alavés e foi já com grandes clareiras no estádio que decorreu a homenagem ao guarda-redes.

Na Alemanha, a Arena de Gelsenkirchen saudou pela última vez Klaas Jan-Huntelaar, que deixou o Schalke ao fim de sete épocas. Aos 33 anos, o holandês ainda tem o futuro em aberto.

E ainda nesta quarta-feira houve outra despedida sentida, do Zenit a Lombaerts. Foi também o último jogo da época em casa e o estádio aplaudiu o veterano belga, de 32 anos, que vai voltar a casa para jogar no Ostende. Foram 10 anos na Rússia, que os adeptos recordaram com um enorme tifo e a mensagem «O teu nome é Zenit.» O clube ofereceu-lhe uma camisola feita a partir de todas as camisolas que usou nestes 10 anos.

Também a Liga portuguesa já teve o seu momento de homenagem a um histórico. Meyong, que se despediu dos adeptos do V. Setúbal nesta segunda-feira. O clube aproveitou o último jogo no Bonfim, frente ao Boavista, para assinalar o final da carreira do veterano avançado, de 36 anos. Uma referência do Vitória, como disse José Couceiro.

Há despedidas que não deverão acontecer em campo. O internacional português Pepe, por exemplo, vai deixar o Real Madrid ao fim de dez épocas e muitas conquistas com a camisola merengue, incluindo duas Ligas dos Campeões e duas Ligas espanholas, mas não jogou a última partida dos «merengues» no Bernabéu. Ainda faltam dois jogos para terminar a Liga, mas são fora de casa. O futuro de Pepe, aos 34 anos, ainda está em aberto.

Também no At. Madrid há saídas em aberto, incluindo a do português Tiago, em final de contrato tal como Fernando Torres, mas sem as situações totalmente esclarecidas. O jogo deste fim de semana com o At. Bilbao, que será de despedida do Vicente Calderón, pode sê-lo também para Tiago e «El Niño».

É tempo de decisões importantes em Espanha, o que também influencia a medida do reconhecimento dos clubes às suas referências. O Barcelona, por exemplo, pretender prestar de alguma forma reconhecimento a Luís Enrique no último jogo do campeonato, frente ao Eibar, depois de o treinador ter anunciado que vai deixar o clube. Mas está em jogo o título espanhol nessa última ronda, o que condiciona qualquer preparativo.

Finalmente, aquela que deverá ser uma das grandes despedidas da época ficará adiada mais uma semana. A Roma joga em casa na última ronda da Serie A e é esse o jogo que vai ser de homenagem a Francesco Totti, com o «Imperador» em final de contrato. Mas ainda sem ter dito a última palavra sobre o seu futuro. De qualquer forma, o Olímpico já tem lotação esgotada para esse dia.