O futebolista dinamarquês Nicklas Bendtner, atualmente sem clube aos 32 anos, voltou a admitir que cometeu erros que prejudicaram a sua carreira desportiva e assumiu arrependimento entre as várias loucuras que cometeu, algumas delas a jogar póquer.

As confissões de um percurso que teve tudo para ser de maior sucesso no futebol mundial, espelhadas na sua autobiografia, redigida pelo amigo Rune Skyum-Nielsen, mostram claramente como o dinheiro ou os luxos paralelos a uma carreira desportiva de topo podem ser fatores fatídicos. Para Bendtner, foram em parte.

«Fiquei apaixonado pelo modo de vida que o dinheiro trouxe. Quero voltar atrás e martelar esse jovem na cabeça, com um martelo. Fazê-lo entender o que uma oportunidade significa. Que ele tem algo especial, algo pelo qual ele tem de olhar», confessou Bendtner, através do livro, quando foi confrontado, em 2018, com a ausência dos eleitos da Dinamarca para o Mundial.

Sentado ao lado de Rune Skyum-Nielson, em declarações ao The Guardian, Bendtner concorda que não há como tirar uma versão positiva do que viveu para a sua autobiografia. Foram erros atrás de loucuras, loucuras atrás de erros fora das quatro linhas.

«Há arrependimento por não ter levado a minha carreira de uma forma mais positiva. Olhar para trás deixou-me chateado, porque há momentos dolorosos e sobre os quais é difícil falar. Mas não podia escrever uma biografia na qual me louvasse. Felizmente, eu confiei completamente no Rune e consegui dizer: “há só uma forma de fazer isto e é com completa honestidade”», afirmou.

A relação com o pai também foi um dos pontos que influenciou a sua caminhada. A assistir aos jogos, culpava sempre terceiros quando Bendtner errava. Esse tipo de episódios foi desvirtuando o pensamento do avançado.

Na autobiografia, Bendtner escreve que o «pai ficou fraco quando o dinheiro se tornou mais forte». Questionado na reportagem do The Guardian sobre se debateu o livro com ele, Bendtner foi perentório. «Não. Não falo com ele há anos».

O dinamarquês fala também de Arsène Wenger, técnico com o qual foi projetado no Arsenal. Não o culpa pela formação nos primeiros anos como sénior, porque acredita que o problema veio do passado. «É difícil, porque ele não tinha tempo para concentrar-se apenas numa pessoa. Acho que se eu tivesse uma pessoa forte na minha formação, poderia ter feito a diferença», aponta.

No presente, Bendtner está a participar num reality-show há nove meses, no qual, junto da namorada, a modelo Philipe Roepstorff, fala também da sua carreira. Antes da pandemia da covid-19, estava prestes a aceitar uma proposta da China, que não se concretizou. Agora, já olha para o futuro e com o objetivo de ser treinador. Está a preparar-se. «É a minha ambição e vou começar um curso em dezembro. Tenho de fazer exames primeiro, mas felizmente tenho bons amigos no futebol, posso ganhar experiência», atira.

E, se assim for, garante que vai ensinar como não se deve fazer para ser bem-sucedido. «Acho que vai ser um dos meus pontos fortes, vou ter consciência de onde as pessoas devem estar nas suas vidas. Eu tive a minha experiência. Também tenho sorte por ter jogado junto de grandes treinadores e talvez esteja um passo à frente em alguns aspetos», disse, ao jornal inglês.