Um Barcelona implacável brindou o Real Madrid com uma goleada em pleno Santiago Bernabéu (0-4), cimentando a liderança na Liga e vincando um abismo de diferença que, nesta altura, o separa do seu rival. O clássico ficou marcado por grandes exibições de Neymar, Suarez e principalmente Iniesta – que saiu de campo aplaudido pelos adeptos do Real, dez anos depois de Ronaldinho Gaúcho – e ainda pelo regresso de Messi, que saiu do banco aos 57 minutos, ao fim de dez jogos de ausência.

Ficha do jogo

Mas a presença do génio argentino foi só a cereja no topo de um bolo que já estava no forno quando Lionel entrou em campo. A sua equipa já vencia por 3-0 e, ainda mais significativo do que o resultado, dominava o Real em todos os capítulos do jogo, com a dupla Neymar-Suarez, bem alimentada pelas exibições notáveis de Iniesta e Sergi Roberto, a semear o pânico na defesa merengue.

Rafael Benitez apostou na versão mais ofensiva do Real, com Benzema e James de regresso ao onze, no apoio a Cristiano Ronaldo e Bale. Mas teve pouco tempo para alimentar ilusões: por volta dos 10 minutos já era claro que o Barcelona mandava no jogo, com uma circulação de bola quase perfeita. No minuto seguinte, uma sequência de passes permitiu a Sergio Roberto descobrir a desmarcação de Suarez, nas costas da defesa merengue. A finalização, em trivela, não deu hipóteses a Keylor Navas.

A partir daí o Barcelona ficou ainda mais confortável no jogo, e ameaçou o segundo golo por Rakitic e Sergi Roberto. Mesmo perdendo Mascherano, por lesão, os culés continuaram na mó de cima. E logo depois de Benzema desperdiçar uma das raras ocasiões merengues, após falhanço de Mathieu, foi o Barça a aumentar para 2-0, com um trabalho notável de Iniesta, a desmarcar Neymar, no limite do fora de jogo, para um face a face vitorioso com Navas.

O início da segunda parte trouxe um Real transfigurado, com três remates a ameaçarem a baliza de Bravo. Mas foi falso alarme: logo a seguir o Barcelona retomou o controlo do jogo e acabou com as dúvidas. Os seus últimos 18 golos para a Liga tinham sido todos assinados por Neymar ou Suarez, mas coube a Iniesta a hobra de acabar com o ciclo, apontando o golo mais bonito da tarde, num remate à entrada da área após assistência de calcanhar de Neymar. O médio não marcava para a Liga há um ano e oito meses, mas escolheu bem a ocasião, coroando uma exibição de sonho.

Logo a seguir, Luis Enrique lançou Messi, e ficou claro que o Barcelona estava a caminho de uma tarde histórica, tanto mais que, das poucas vezes que o ataque merengue conseguiu furar rumo à área catalã, Bravo correspondeu com grandes defesas, negando o golo a James Rodriguez e Cristiano Ronaldo (este por duas vezes). Com uma defsa à deriva o Real expôs-se ao quarto golo, que acabou por chegar depois de uma combinação Messi-Neymar-Suarez, que permitiu ao uruguaio mais uma conclusão de classe (74 minutos), na cara do desamparado Navas.

Com o público rendido, o Real tentou ainda chegar ao golo de honra, esbarrando na boa oposição de Bravo, e acabou o jogo reduzido a 10, quando Isco não controlou a reação, depois de mais um malabarismo do insaciável Neymar. O jogo chegava ao fim pouco depois, com o Barcelona a desperdiçar ainda mais ocasiões na cara de Navas, no final de pesadelo para os merengues, que faz aumentar de intensidade a contestação a Rafael Benitez.