Convidado por Jorge Valdano para o programa «Universo Valdano», da Movistar +, Pep Guardiola passou em revista parte da carreira durante uma longa conversa na qual deu também a conhecer um pouco mais sobre a forma como vive o fenómeno do futebol.

O técnico catalão, que disse pretender terminar a carreira de treinador na formação do Barcelona, falou sobre o futebol espanhol, alemão e inglês, onde está agora ao serviço do Manchester City. «Sinto-me muito bem aqui. Muito protegido pelo futebol. Estou no clube que me interesse, com Ferrán Soriano, Txiki (Begiristain), que conheço desde que estávamos na filial. Não me sinto julgado por uma derrota ou por uma vitória.»

Apesar da felicidade que diz ter em «Terras de Sua Majestade», Guardiola não tem uma visão romântica daquele que é por muitos considerado o melhor campeonato do mundo. «A Premier League parece melhor do que é pela forma como é vendida e se partilha o produto», apontou.

Guardiola recordou ainda a passagem de três anos pelo comando do Bayern Munique, onde ganhou tudo a nível interno mas falhou na Liga dos Campeões. «No Barcelona nem matando os jogadores era possível tirar-lhes a bola. Na Alemanha tive de controlar mais os adversários, porque não podíamos ter tanta posse de bola: não havia tanta qualidade», justificou.

O atual técnico dos Citizens, que se iniciou como treinador de uma equipa principal no Barcelona em 2008/09 com sucesso imediato, fez uma revelação acerca de Diego Simeone. Quando ainda treinava na Argentina, o atual técnico do Atlético Madrid deslocou-se à cidade condal para conhecer melhor os métodos do homólogo. «Eu disse-lhe: 'Olha para isto, olha para aquilo.' Ele respondeu: 'Não gosto, lamento.» Ideias diferentes para objetivos iguais: ganhar.

Pep Guardiola recuou ainda aos tempos de jogador, mais propriamente quando jogava no Barcelona na década de 90, onde trabalhou com Johan Cruijff, que acabaria por ser uma referência para ele. «Sempre pensei que não acreditava em muitas das coisas que ele dizia, mas ele fazia acreditar que era assim. Não tinha método de preparação, eram outros que se encarregavam de treinar. Mas tinha método de jogo. Tudo era novo. E estava sempre em forma: não explicava as coisas; fazia-as. Cruijff convenceu-me, apaixonei-me.»

Guardiola disse ainda que o melhor Real Madrid que conheceu foi o da Quinta del Buitre, que vigorou entre as décadas de 80 e 90, e recordou os tempos passados com um português no Barça: Luís Figo. «Nos meus primeiros anos, quando a bola me chegava, eu procurava Laudrup. Depois, quando as coisas ficavam feias, bola para o Figo.»