O francês Mouctar Diakhaby falou nesta segunda-feira sobre o caso de racismo que diz ter sido vítima durante o jogo entre o Valência e o Cádiz e que o fez sair de campo ainda na primeira parte.

Em entrevista ao As, o defesa francês, de 24 anos, explicou que Juan Cala lhe dirigiu as palavras ofensivas - «negro de mierda» - quando se levantava, após uma disputa de bola entre ambos, na área do Valência.

«Acredito que se tenha magoado e disse-me aquilo quando se estava a levantar. Nas imagens vê-se que se vira ligeiramente para mim e a última palavra que diz é ‘mierda’», começa por dizer Diakhaby, voltando a defender que o adversário tem de ser castigado pelo que disse.

«Não conheço Cala pessoalmente, não posso dizer se é racista, mas disse uma frase racista e tem de ser castigado por isso. Porque se deixamos passar estas coisas nunca vamos conseguir erradicar o racismo da sociedade. Diz-se muitas vezes ‘STOP ao racismo’, mas procuram-se poucas soluções. Temos de ser duros com estas ações», sublinha.

O francês admite, porém, que caso não seja provado que o insulto foi proferido, entende que o princípio de inocência seja tido em conta no caso. Mas acredita que haverá provas do mesmo.

«Claro que percebo. Se não houver provas, será palavra contra palavra, e não acredito que ele seja castigado. Mas espero que haja provas e que se faça tudo para as encontrar», acrecenta.

O ex-jogador do Lyon assumiu ainda ter dito aos companheiros para voltarem ao campo após a ameaça de que poderiam perder os três pontos em disputa na partida e garante que eles não voltariam sem o seu consentimento.

«Os meus colegas não queriam continuar a jogar. Estavam do meu lado e se eu lhes dissesse para ficarmos no balneário, eles ficariam. Mas eu não sou egoísta e não queria que perdêssemos pontos por algo que não era um erro nosso», explicou.

Diakhaby lamentou ainda as palavras de Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, que defendeu que o jogador teria entendido mal as palavras de Juan Cala.

«Li a declaração do senhor Tebas e ri-me. Não dá para explicar. Se tivesse dito que não tinham provas contra Cala, eu entenderia. Mas o que ele disse é eu tinha percebido mal. E isso é muito estranho. Este já é o meu terceiro ano em Espanha e percebo quase tudo. Além disso, essas palavras são muito fáceis de entender», terminou.