Xavi Hernández deixa o futebol na época 2014/2015, depois de 17 anos ao serviço do Barcelona e da Seleção espanhola.

«É o momento. Quem o diz é a minha cabeça e quem me avisa o meu corpo. O coração não. O coração é do Barcelona e isso é que conta», disse em entrevista ao El País.

No entanto, admitiu que há alguém mais «culé» do que ele: «Sim, claro. A mina mãe!»

Nesta entrevista, o médio falou sobre a chegada ao Barcelona e  recordou os primeiros tempos no clube.

Porque ocultou na escola que jogava no Barcelona? «Não queria que me olhassem de forma diferente. Sabia que, para mim, nada mudaria, mas tinha medo que olhassem e comentassem: olha este, assinou pelo Barça e tem a mania. Nem vestia o fato de treino do Barcelona para não chamar a atenção.»

Lembra-se do dia em que prestou provas no Barça? «Claro! O meu pai disse-me no carro: abre bem os olhos e aprende, esta oportunidade não a tem qualquer um. Mas já tinha sido contratado, só que não sabia. Segui o conselho do meu pai: aprender, aprender e aprender. Este clube ensinou-me a jogar e a ser alguém. Fui tão feliz aqui. Nunca imaginei.»

Que recordação tem da primeira vez no balneário do Barcelona? «Sentado, a mudar-me, ao lado do Figo e do Guardiola, com o Núñez a chegar e a falar com o Pep. E eu ali. Dava conta de tudo, claro. Era um miúdinho e estava ali. Até tinha vergonha. Foram impecáveis comigo.»

Van Gaal foi o primeiro treinador de Xavi e o espanhol não o esquece: «Ensinou-me muito. Dizia-me: és melhor do que o Zidane. Eu respondia: não exagere, mas obrigado mister. Tive muita sorte, tive sempre grandes treinadores. Fomos injusto com ele, era um grande técnico.»

Só tem pena de não ter trabalhado com John Cruyff. «Nada seria melhor do que isso. É a minha referência a nível futebolístico e nunca trabalhei com ele. O Johan mudou a história do jogo, é inesquecível. Pelo menos no Barcelona.»
 
E sabe o que é o futebol para este génio? «Uma bola e uns quantos amigos. Um joguinho na praia ou num jardim. Entre sorrisos. Isso é o futebol. Miúdos a trocar a bola num pátio da escola.»