Rep. Checa, Israel, Eslováquia, Polónia, Inglaterra, Roménia, Áustria, Croácia, Dinamarca. São os líderes de cada grupo de qualificação para o Euro 2016 e a lista dá uma ideia de como esta campanha anda a desafiar a lógica. A jornada quatro rumo ao Euro 2016 confirmou a tendência. Se os pesos realmente pesados evitaram mais dissabores nesta ronda, não faltaram surpresas. Comecemos pela Europa, no balanço de um fim de semana que teve também muitas decisões em África. E confirmou dois treinadores portugueses na fase final da CAN 2015.

A perspetiva de um Europeu a 24 equipas, com a qualificação mais facilitada de que há memória, parece mesmo ter animado muita gente. E, em contrapartida, gerado algum excesso de confiança noutras, as potências tradicionais. Depois da campanha de qualificação que abriu com Portugal a passar pelo choque da derrota frente à Albânia, que seguiu com tropeções da Espanha, Alemanha ou Holanda, a ronda quatro também teve muito que contar.

Resultados e classificações da qualificação para o Euro 2016

E incidentes, outra tendência desta qualificação. Agora em Itália, onde o lançamento de petardos e outros engenhos levou o árbitro a mandar os jogadores recolher ao balneário e suspender por 10 minutos o encontro entre os azzurri e a Croácia, antes de um empate que deixou as duas equipas empatadas na frente do Grupo H, com vantagem para os visitantes. Num grupo onde Malta foi arrancar um ponto à Bulgária, fechando em beleza um fim de semana de festa para os pequenos.

Se não vejamos: das cinco últimas seleções europeias no ranking da FIFA, a única que não somou pontos nesta ronda foi Andorra. E ainda assim: perdeu 0-5 na visita ao Chipre, que conseguiu uma goleada histórica. E uma proeza inédita para Giorgios Efrem, jogador do APOEL. Nunca ninguém tinha marcado cinco golos num só jogo com a camisola do Chipre.





Juntam-se ao Liechtenstein, que ganhou na visita à Moldávia, a San Marino, que conseguiu, no empate frente à Estónia, o primeiro ponto de sempre em 61 jogos de qualificação para o Europeu. E, claro, às Ilhas Faroé, protagonistas do grande choque da ronda: a vitória na Grécia. Um dos mais pequenos países da UEFA, as Faroé tinham na sua história pouco mais de uma mão cheia de vitórias em jogos oficiais, quase todas frente a adversários do seu «campeonato»: San Marino, Malta, Liechtenstein. A maior proeza até agora da pequena seleção nórdica era a vitória sobre a Áustria em 1990, no seu primeiro jogo oficial, na campanha para o Euro 92. E a última vitória em partidas a contar tinha três anos: em 2011, frente à Estónia. O que dá a dimensão do que valeu o golo de Joan Simun Edmundsson em Atenas. 1-0, vitória da seleção nº 187 do ranking da FIFA sobre a Grécia, nº 18 do mundo e que chegou aos oitavos de final do Mundial 2014.


Mau de mais para a Grécia pós-Fernando Santos, que somou apenas um ponto em quatro jogos e é última no Grupo F. Claudio Ranieri não resistiu e está de saída. Mas não foi o único selecionador a abandonar nesta ronda. Na Sérvia, que esteve a vencer frente à Dinamarca, no grupo de Portugal, mas acabou por perder, também Dick Advocaat abandonou o cargo ao fim de três jogos, um dos quais foi aquele jogo com a Albânia interrompido pelo árbitro por causa do drone que acabou em campo. Sinal de uma qualificação que está a contrariar a lógica como nunca, o banco é um local de risco para os selecionadores de equipas com algumas ambições.


Como a Rússia. Mais um resultado contra as expectativas, a derrota na Áustria, a confirmar a crise da seleção russa. Que não se vive apenas dentro de campo. O selecionador Fabio Capello não recebe há cinco meses, a situação com a Federação é de tensão, ninguém duvida de que será uma questão de tempo até a ruptura se consumar. Com os próximos jogos a contar marcados apenas para março, muita água há-de correr entretanto em várias seleções, onde os lugares dos selecionadores são mais ou menos postos em causa. De Guus Hiddink, na Holanda, a Safet Susic, na Bósnia.


Pois. A mundialista bósnia foi cilindrada por Israel, que venceu por 3-0 para assumir a liderança do Grupo B. Logo atrás vem Gales, que bateu o pé à favorita Bélgica e arrancou um empate que alimenta a esperança de Gareth Bale e companhia de chegar a França. Incrível a classificação deste grupo, onde Chipre surge no terceiro lugar com seis pontos, à frente da Bélgica (5), Bósnia (2) e Andorra (0).

Ainda neste domingo, num dos duelos mais intensos da ronda, a Rep. Checa tornou-se uma das três equipas com pleno de vitórias (a par de Eslováquia e Inglaterra), arrancando uma vitória frente à Islândia, com reviravolta e um autogolo. Antes, a Holanda tinha espantado fantasmas com uma goleada das antigas à Letónia ( 6-0). E a Turquia evitou mais dissabores conseguindo a sua primeira vitória, frente ao Cazaquistão, num encontro marcado por um episódio perturbador. O guarda-redes Volkan Demirel terá abandonado o estádio depois de ter sido alvo de assobios e insultos de adeptos, quando aquecia.

O campeão do mundo e a cabeça na festa, nem eles escapam

Houve de resto vários outros resultados a baralhar contas. Como a vitória da Escócia sobre a Irlanda, que deixou três equipas empatadas no segundo lugar do Grupo D, a três pontos da Polónia. Entre elas a campeã do mundo Alemanha, que, depois da derrota com a Polónia e do empate com a Irlanda, venceu Gibraltar por 4-0. Um triunfo óbvio, mas a revelar ainda alguma falta de intensidade, ao ponto de levar o selecionador Joachim Low a dizer que está na altura de virar a página das festas e celebrações pelo título mundial e a pedir mais intensidade no particular de terça-feira com a Espanha.
 

Mais seis apurados em África

Da Europa para África, sábado jogou-se a penúltima jornada de apuramento para a CAN 2015, finalmente marcada para a Guiné Equatorial depois de toda a indefinição que culminou com a retirada da organização a Marrocos. O Gabão, treinado por Jorge Costa, fez de um empate em Angola o passaporte para a fase final. Junta-se a Rui Águas, selecionador de Cabo Verde, que já tinha garantido o apuramento e assegurou desde já também o primeiro lugar, com uma vitória sobre o Níger.

Angola e Moçambique, em contrapartida, têm as contas complicadas, depois de uma ronda que selou igualmente o apuramento da África do Sul, Camarões, Zâmbia, Senegal e Burkina Faso. A Argélia, tal como Cabo Verde, já estava apurada.