Unai Emery, que já anunciou que vai deixar o comando técnico do PSG, fez um balanço dos dois anos em Paris.

O técnico espanhol citou Valdado para explicar o papel de Neymar no emblema parisiense. «Um dia, Jorge Valdano fez uma reflexão interessante. No Barcelona, Messi é o líder e no Real Madrid é Florentino Pérez. No Atlético Madrid, o líder é Simeone. Um jogador, um presidente e um treinador, cada um com formas diferentes de liderar. Sei quando sou a pessoa mais importante dentro do grupo e quando não sou. É um processo pelo qual todos os treinadores passam», começou por dizer, em entrevista à revista Tactical Room.

«Tens de saber qual o teu papel em cada clube. A minha opinião é que o líder do PSG se chama Neymar. Ou melhor, o líder irá chamar-se Neymar. Está-se a preparar para assumir esse papel. Chegou ao PSG para ser o líder, para viver o processo necessário até converter-se no número um. Ainda falta um pouco para Neymar terminar esse processo. Guardiola é o chefe do Manchester City enquanto no PSG o líder deve ser o Neymar», acrescentou.

Em dois anos ao serviço do PSG, Emery não conseguiu vencer a Liga dos Campeões, o objetivo maior do clube. De acordo com o antigo treinador do Sevilha, faltou um «momento Bakero» à sua equipa, em alusão ao golo do antigo médio ofensivo do Barcelona frente ao Kaiserslautern.

«O ano passado Pep [Guardiola] disse-me algo fundamental. Para vencer a Liga dos Campeões, o Barcelona viveu dois momentos cruciais na sua história: o golo de Bakero contra o Kaiserslautern [1992] e o golo de Iniesta frente ao Chelsea [2009]. Faltou-nos ter um «momento Bakero. Independentemente se és superior ou inferior, se mereces ou não. Marcas e o teu destino muda», refletiu.

O treinador de 46 anos recordou ainda a primeira mão dos oitavos de final frente ao Real Madrid, no Santiago Bernabéu.

«As grandes equipas têm de passar por momentos como esses que referi. Este ano podíamos ter tido um momento que mudaria tudo. Foi no Santiago Bernabéu. O Real Madrid estava a sofrer. Antes do encontro disse que o Real [Madrid] tinha de sofrer para perder. O nosso objetivo era garantir que o Real Madrid sofria para depois darmos o golpe fatal. Tivemos oportunidades para isso na segunda parte, quando o jogo estava empatado (1-1). Estava calado junto à linha lateral porque a vitória parecia estar na mão. Não rematámos quando devíamos e não sofremos quando devíamos», finalizou.