A justiça francesa está a investigar as ações de ‘lobbying’ levadas a cabo pelo Paris Saint-Germain e pelo seu proprietário, o fundo Qatar Sports Investments (QSI).

Uma das figuras centrais da investigação é o antigo diretor de comunicação do clube, Jean-Martial Ribes, que esteve no cargo até 2022 e que foi ouvido pelos investigadores em dezembro, como explica o jornal Le Monde na edição deste sábado. É acusado de corrupção e de tráfico de influências.

Ribes, trabalhando diretamente com Nasser Al-Khelaifi (o ‘patrão’ do PSG) terá influenciado em especial Pascal Ferré, ex-chefe de redação da revista France Football (FF) e responsável pela organização da Bola de Ouro.

Presentes, convites e viagens

A imprensa francesa fala de múltiplas ofertas, depois de Ferré ter aceitado retirar dos sites do L’Équipe e da FF (do mesmo grupo editorial) uma notícia sobre um suposto pagamento irregular de uma comissão de dois milhões de euros a um agente de jogadores.

Daí em diante, de acordo com os investigadores, a relação estreitou-se.

Depois de Ferré não ter podido ir ao Mundial de Clubes no Qatar, em 2019, «por razões de agenda» foi convidado para assistir a um torneio de ténis, com tudo pago e tratamento VIP.

Meses depois, foi-lhe pedido que desse destaque a uma jogadora do PSG na votação para a Bola de Ouro feminina de 2020 – a edição desse ano acabou, no entanto, por ser cancelada devido à pandemia.

O salário de Messi

Ferré recebeu ainda bilhetes VIP para o Parque dos Príncipes e teve encontros com Nasser Al-Khelaifi. Aos investigadores, Ribes disse que Ferré era um jornalista «influente a nível mundial» e que era «habitual o gabinete de comunicação do Qatar pagar voos e hotéis a jornalistas».

Quando Messi se mudou para o PSG, em 2021, Ferré disse a Ribes que tinha repreendido o diretor do jornal L’Équipe por causa de uma notícia sobre o salário do argentino que não tinha agradado ao jogador nem ao clube.  

A Bola de Ouro de Messi em 2021

Pouco depois, segundo a investigação, o presidente do PSG pediu ao seu diretor de comunicação que fizesse lobby por Messi para a eleição da Bola de Ouro desse ano.

O argentino venceu mesmo essa edição do troféu (sétima conquista) com 613 votos, mais 33 do que Robert Lewandowski.

Há outro detalhe que chamou a atenção dos investigadores: Pascal Ferré é, desde 2023, diretor de relações do PSG com a imprensa.

Ribes foi detido pelas autoridades francesas em novembro e disse aos investigadores que Ferré não teve qualquer influência na atribuição da Bola de Ouro de 2021.