O adiamento do Mundial de Clubes para o ano 2003 pode custar a Sepp Blatter o lugar de presidente da FIFA, cargo para o qual prepara a recandidatura em 2002. 

A informação foi adiantada à agência Reuters por uma fonte anónima do próprio organismo que rege o futebol internacional. De acordo com esse quadro da FIFA, o facto de o Mundial de Clubes ser uma das bandeiras da liderança de Blatter, associado a outras questões que têm desagrado a várias federações, pode fazer com que o suíço não reúna apoios suficientes para ser reeleito. 

O adiamento da prova prende-se com problemas financeiros provocados pela falência da ISL/ISMM, empresa de marketing que trabalha há 20 anos com a FIFA e estava igualmente ligada à organização do Mundial de 2002 na Coreia e no Japão. 

Cubes zangados 

Os clubes que se preparavam para participar na prova no próximo mês de Julho, na Corunha, receberam com desagrado a notícia do adiamento. 

Enquanto alguns preferem «esperar por uma notificação oficial da FIFA», como é o caso dos brasileiros do Palmeiras, dos japoneses do Jubilo Iwata e dos espanhóis do Corunha, organizadores do Mundial, outros reagiram de imediato à novidade do cancelamento de uma competição que é uma autêntica «mina de ouro», com os 40 milhões de dólares (quase nove milhões de contos) que tinha previsto distribuir pelos participantes. 

Jorge Valdano, director geral do Real Madrid, confessou «resignação» face às dificuldades financeiras da FIFA. O clube espanhol, que participaria nesta segunda edição da prova como campeão europeu de 1999/2000, «planificou toda a época em função do Mundial de Clubes», lamentou ainda Valdano. 

Os australianos do Wollongong Wolves, campeões da Oceânia, assumiram que «o prémio de participação no Mundial era fundamental para a economia do clube». 

A própria federação espanhola confessou, através de um porta-voz, ter ficado «aborrecida» com a decisão da FIFA, uma vez que «todos os preparativos para o Mundial estavam em marcha».