A actual crise do futebol brasileiro tem afastado os adeptos dos estádios e dos ecrãs de televisão. Quem se queixa agora da actual é a Globo Esportes, que comprou os direitos de transmissão dos jogos da Taça João Havelange. A empresa, responsável pela negociação dos contratos de transmissão com a TV Globo, está descontente com os níveis de audiência que os jogos têm proporcionado. 

O director da Globo Esportes, Marcelo Pinto, diz que as audiências estão 50 por cento abaixo do previsto e que a solução deverá passar pela divisão dos direitos de transmissão por outros canais. 

Neste momento, a Globo transmite dois jogos por semana, mas a polémica instalou-se quando o canal alterou a programação, deixando de transmitir alguns jogos porque «não eram atractivos e não justificavam sacrifício da mini-série [Aquarela do Brasil, que passa no horário de quarta-feira]» explicou Pinto, citado pelo Estado de S.Paulo. 

As alterações dos horários dos jogos, motivadas pelos interesses da estação de relevisão, também podem estar a afastar os espectadores dos estádios. Todavia, o director da Globo Esportes diz que os dois factos não estão intimamente ligados. Para ele, o verdadeiro problema reside no elevado número de competições. «Como há muitos jogos, o futebol acaba por ser desvalorizado», afirma. «Além disso, o dinheiro investido pelos canais justifica esses horários». 

Concorrentes torcem para que a Globo transmita jogos 

Devido a esta quebra de espectadores, os canais concorrentes da Globo não estão preocupados. O director de programas da SBT, Mauro Lissoni, diz mesmo que torcem para que a Globo passe jogos: «Assim, estamos sempre a ganhar audiência». 

Para os directores das estações brasileiras, o grande problema não está nas televisões, mas sim nos dirigentes: « Se for uma competição credível e bem organizada, os adeptos vão, independentemente do horário», afirma Eduardo Zebini, coordenador de desporto da Rede Record.