Por que é que as equipas europeias falharam rotundamente neste mundial? O fracasso deveu-se, em grande parte, à componente física. Essa parece ser uma explicação mais ou menos consensual. Mas quais foram, verdadeiramente, as razões desse fracasso? Para José Augusto, fisiologista do esforço e antigo membro do departamento técnico da FPF, houve dois grandes factores: o cansaço de muitos jogos durante a época e uma má adaptação ao clima.

«No caso da selecção nacional, tenho que dizer que não concordei com o local do estágio. Macau não me pareceu o local mais adequado, porque com temperaturas superiores a 30 graus e aquelas condições de humidade, a componente física não foi a melhor. Tenho muito respeito pelo meu colega que esteve na selecção, que aliás até é meu colega na FCDEF (Faculdade das Ciências do Desporto e Educação Física), mas pode ter havido alguns motivos políticos. E é pena...»

Generalizando um pouco mais, José Augusto identificou um problema europeu neste mundial: «Chegaram lá com jogos a mais nas pernas... Não terá havido, nalguns casos, a melhor preparação física. A França, por acaso, até mostrou algum poder físico, no jogo com o Uruguai, por exemplo. Falhou foi noutros aspectos...»

«O Brasil foi melhorando»

Na perspectiva deste professor da FCDEF, o Brasil foi a selecção clássica que melhor se adaptou às condições específicas deste mundial: «Os brasileiros foram melhorando ao longo da prova. Mas é importante lembrar que não começaram bem. Foram ajudados pelos árbitros em momentos decisivos e, na altura da verdade, a sua arte veio ao de cima, nomeadamente a arte de dois ou três jogadores, que todos sabemos quem são».

Mas José Augusto insiste que «equipas como a Itália, a Espanha em certos momentos, e Portugal acabaram por acusar um grande cansaço e não responderam da melhor forma às exigências físicas deste mundial». Este fisiologista do esforço considera que «os Estados Unidos deram um óptimo exemplo de como se deve preparar um mundial», mas lembrou que «tal como a Coreia, tiveram o trabalho facilitado, porque durante três meses, só pensaram no mundial». Para este especialista, efeitos como «jet-lag» podem ter prejudicado bastante as selecções teoricamente mais fortes.

Quanto à Alemanha, José Augusto lembrou que «se trata de uma selecção com jogadores jovens». «A aposta foi certa, porque fisicamente, estiveram sempre muito bem».

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