O presidente da FIFA garantiu que o organismo que tutela o futebol mundial é hoje uma «democracia e não uma ditadura». «Estamos a reconstruir a reputação da FIFA depois de tudo o que aconteceu», afirmou referindo-se ao escândalo de corrupção que originou a saída de Joseph Blatter da liderança do organismo em 2015.

Infantino falava na abertura do congresso do organismo, no Bahrain, que ficou marcado pelas críticas e pela não renovação de vários mandatos, nomeadamente dos dois presidentes da Comissão de Ética, organismo responsável pelas suspensões de Joseph Blatter e de Michel Platini, ex-presidentes da FIFA e da UEFA, respetivamente.

A FIFA também não renovou o mandato do português Miguel Poiares Maduro, que presidiu durante apenas um ano ao Comité de Governação. O antigo ministro-adjunto no Governo de Pedro Passos Coelho também atribui o seu afastamento ao facto de ter tomado decisões incómodas. «Tenho consciência de que houve várias decisões que desagradaram a interesses fortes no futebol internacional», afirmou Poiares Maduro ao Expresso, evitando especificar se entre elas estava, como avançou a imprensa internacional, o facto de ter barrado o acesso ao Conselho da FIFA ao russo Vitaly Mutko, vice-presidente da Rússia e responsável pela organização do Mundial 2018. «A FIFA ainda não está preparada para ter instrumentos de escrutínio independente», disse também o português ao Público.

Num discurso pesado, Infantino desafiou todos os presentes na sala que vissem a FIFA como um meio para enriquecer a deixarem imediatamente e acrescentou: «Não vou aceitar lições de governação de pessoas que não conseguiram proteger o futebol e a FIFA», apontou Infantino, criticando os peritos pagos  para reformar o organismo e que, entende, nada fizeram, validando um modelo que não funcionou.

O suíço Cornel Borbély, um dos presidentes da Comissão de Ética, disse na quarta-feira que a sua expulsão foi «um retrocesso na luta contra a corrupção» e que essa decisão compromete os esforços que têm vindo a ser realizados para a reforma da FIFA.

Já o paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da CONMEBOL e da Comissão de Finanças da FIFA, disse que o organismo se encontra «financeiramente forte» e afirmou esperar concluir o exercício de 2015-18 com um saldo positivo de 100 milhões de dólares, cerca de 92 milhões de euros.

O congresso aprovou ainda as contas de 2016 e o orçamento para 2018, ano em que organizará o Campeonato do Mundo, na Rússia.

(Artigo atualizado)