1- Depois da expulsão em Londres, Ibrahimovic perdeu a cabeça com a derrota (3-2) do PSG em Bordéus. Ou não: com o sueco nunca se percebe bem o que é descontrolo e o que é agitação planeada, com vista a um novo passo na carreira. A declaração a caminho das cabinas, em que fala de um «país de m...» a propósito da arbitragem, é forte, mesmo para os seus padrões habituais e com um pedido de desculpas quase imediato. É provável que venha a ter consequências a prazo. Tanto mais que «Ibra» nunca ficou mais de três temporadas seguidas no mesmo clube.



2- A terceira derrota em quatro jogos para o Manchester City, diante do Burnley, sublinha a ideia de que a equipa de Pellegrini entrou em curto-circuito na defesa do título. As consequências para os citizens só não foram mais graves porque o Chelsea desperdiçou a oportunidade de um KO definitivo, cedendo o segundo empate consecutivo em casa – em mais uma confirmação da solidez defensiva do Southampton, de José Fonte. Seis pontos de avanço, com um jogo a menos, é distância confortável para os homens de Mourinho, mas ainda não irreversível. O problema do City agrava-se, porém, pela necessidade de olhar para trás: com vitórias convincentes nesta jornada, o Arsenal já só está a um ponto, e o Manchester United a dois – e é a vaga direta na Liga dos Campeões que começa a ser posta em causa.



3- Houve um tempo, não tão longínquo como isso, em que o campeonato alemão era um dos mais imprevisíveis e nivelados da Europa. Mas nos últimos anos essa realidade mudou drasticamente: o crescente desequilíbrio da Bundesliga é indisfarçável. Líder crónico ao longo das três últimas temporadas, o Bayern tem criado um fosso cada vez mais amplo em relação à concorrência – como o demonstram os 11 pontos de avanço sobre o segundo e o saldo de 25-2 nos últimos cinco jogos. Mas não é só o Bayern: a distância relativa entre as quatro ou cinco melhores equipas e as restantes também tem vindo a aumentar. Os resultados deste fim de semana em que os quatro primeiros venceram os seus jogos por um total de 13-0, são um sinal evidente de que o foco na distribuição equilibrada da riqueza já não mora ali.



4- Em Espanha acabaram-se as últimas dúvidas: o At. Madrid não vai revalidar o título de campeão, depois do empate deste sábado o ter feito cair para o quarto lugar, a nove pontos do líder Barcelona. A uma semana do clássico com o Real, no Camp Nou, o Barça mostra estar no melhor momento da época – e Messi está forma estratosférica, que se traduz em números (20 golos em 2015!) mas não só. Este slalom diante do Eibar é tão espectacular que é capaz de fazer esquecer os seus dois golos e a ultrapassagem a Cristiano Ronaldo na lista de marcadores:


Lionel Messi Amazing Run during Eibar vs... por enteritament


5- E, por falar em Ronaldo, novos sinais de instabilidade para o «especulómetro», numa altura em que a possibilidade de deixar Madrid no fim da época volta a ser comentada com regularidade pela imprensa da capital espanhola. É verdade que o Real travou a crise e interrompeu um ciclo de três jogos sem ganhar, batendo o Levante num jogo em que Ancelotti sacrificou a titularidade de Casillas aos assobios. Mas a frustração por não ter marcado – e ter passado várias vezes perto do golo - deve deixar o avançado português em ponto de rebuçado para Camp Nou, a avaliar por esta reação ao seu quase-golo no lance do 1-0.



6- Fim de semana quase perfeito para os treinadores portugueses que comandam equipas de primeiro plano. Mourinho empatou, é verdade, mas o Chelsea até reforçou a liderança da Premier League, o mesmo acontecendo com Paulo Sousa, no Basileia. Leonardo Jardim viu o seu Mónaco vencer folgadamente no ensaio geral para a Champions – e aproximar-se mais um pouco dos lugares da frente, já que foi o único dos quatro primeiros a ganhar. Nuno Espírito Santo viu o seu Valência confirmar a eficácia nos jogos em casa, ultrapassar o At. Madrid e chegar ao pódio da Liga espanhola. Por sua vez, Vítor Pereira teve um domingo mais calmo do que vem sendo hábito: sem notícia de incidentes com adeptos, o seu Olympiakos venceu em casa e alcançou o Panathinaikos no comando da Liga grega, com um jogo a menos. Por fim, destaque para Jesualdo Ferreira, que no primeiro jogo competitivo à frente do Zamalek viu a sua equipa vencer o Rayon Sports, do Ruanda, na Taça das Confederações Africanas. O «quase perfeito» do princípio deve-se a André Villas-Boas, que, em Moscovo, viu a vitória fugir ao seu Zenit no último minuto. Com isso, a vantagem sobre o segundo classificado, o CSKA, ficou reduzida a cinco pontos, num dia em que Hulk marcou e voltou a ouvir coros racistas.



7- Desde 2009/10 - época em que o título belga passou a ser decidido num play-off, nunca o Club Brugge tinha chegado ao fim da fase regular em primeiro. O que não quer dizer muito: na época passada, por exemplo, o Standard terminou esta fase com dez pontos de avanço sobre o Anderlecht, que mesmo assim acabou por chegar ao tricampeonato. Neste fim de semana, na última jornada da primeira fase, o campeão, sem o português Rolando, foi batido em casa pelo Gent (2-1) enquanto o Brugge selava o primeiro posto em casa do Westerlo (3-1). Desta forma, o Brugge vai entrar na fase decisiva com 31 pontos, à frente de Gent e Anderlecht (29), Standard Liège (27), Kortrijk (26) e Charleroi (25). Clube Brugge e Lierse vão decidir quem desce de divisão. Nos outros campeonatos menos mediáticos, destaque para a mudança de comandante na Turquia, onde o Besiktas ultrapassou o Galatasaray, de Bruma, e para a goleada do Dínamo Kiev, que consolidou a liderança na Ucrânia com Antunes e Miguel Veloso a titulares.