Eliaquim Mangala, antigo central do FC Porto, agora no Manchester City, contou ao jornal The Guardian uma história que tem marcado e até sustentado a sua carreira: um acidente na infância que deixou o irmão mais velho, Daniel, paralisado quando tinha apenas sete anos.
 
Um acidente terrível que relatamos aqui pela boca de Mangala. «Ele adorava jogar futebol. Como todos os miúdos naquela idade em frança, quando se vive em apartamentos, jogava na rua, junto aos prédios. Um dia, um dia normal, uma bola escapou para uma das garagens. Não há muitos espaços disponíveis em Paris e uma boa parte dos estacionamentos são subterrâneos. Era a vez dele de ir buscar a bola e já estava a voltar quando aconteceu. A porta automática desceu, ele não conseguiu sair. Foi apanhado ali», conta Eliaquim a apontar para a zona do pescoço.
 
«O cérebro dele ficou sem oxigénio por algum tempo. Já não sei se ficou preso ou se a porta desceu mais de uma vez. Ficou paralisado desde essa altura. Foi um acidente trágico», prosseguiu o defesa do City. Um acidente que mudou a vida da família Mangala que, a partir de 1996, teve de trocar Paris por Namur, na Bélgica, para ficar perto dos especialistas que iam acompanhar o jovem Daniel. «O meu irmão podia ter sido jogador, podia ter feito carreira, mas agora não pode andar, nem falar. Ele e a minha mãe ainda estão na Bélgica», destaca Mangala, como um dos factores mais marcaram a sua curta carreira.
 
«Ele tem um papel determinante na minha vida. Eu também sempre quis ser futebolista, mas também o fiz pelo meu irmão. Ele é a minha fonte de inspiração. Dá-me força psicológica e quando estou em campo, sinto que estou por ele também. Pela minha mãe também. Ela pode ter orgulho pelo que tenho feito, mas vejam o que ela fez. Educar duas crianças, uma delas incapacitada, sozinha», destacou.
 
 Mangala chegou a Namur com apenas cinco anos e foi na Bélgica que começou a jogar, mas na altura tinha muito pouco a ver, em termos físicos, com o possante jogador que é agora no City. «Era muito, muito magrinho, só comecei a encher aos 21 anos, mas era rápido, bom no jogo aéreo e comecei como avançado. Tecnicamente não era tão bom como os outros, mas como tinha pouco peso, bastava por a bola no ar e marcava muitos golos», recorda.
 
Já no Standard Liège, acabou de recuar de avançado para médio, aos 16 anos, para cobrir a saída de Fellaini e só aos 18 passou definitivamente para a defesa. Depois foi para o FC Porto até se tornar no defesa mais caro do mundo com a transferência para o City por mais de 50 milhões de euros. Um peso nos ombros do jovem central. «Quando vais para um clube que pagou um montante elevado, sabes que os adeptos têm expetativas elevadas. Percebo algumas críticas e se for honesto comigo próprio tenho de assumir que não fiquei totalmente satisfeito com esta temporada», destacou ainda o internacional francês do City.