Este será sempre o fim de semana em que o Bayern Munique perdeu. Sobretudo a nível interno, não é algo que se vê muitas vezes e, por isso, era inevitável ter outro ponto de partida. Mas esta é, também, a ronda em que Mourinho perdeu, em que o Manchester City viu o Leicester fugir na liderança da Premier League, em que o Lyon se despediu do Estádio Gerland com uma derrota ou o Valência «recuperou» da saída de Nuno Espírito Santo com um empate frente ao líder Barcelona.

Uns mais conhecidos, outros menos, estes são os oito protagonistas do fim de semana, para o Maisfutebol.

-Glenn Murray (AFC Bournemouth)



Começamos pela surpresa da jornada. Sim, apesar de todos os avisos, ver o campeão Chelsea perder em casa com o recém-promovido (e estreante absoluto na Premier League) AFC Bournemouth não pode nunca ser visto como um resultado normal. José Mourinho parece, cada vez mais, com o lugar em risco e, de «Happy One», pouco terá. O jogo com o FC Porto, a meio da semana, na competição que melhor corre ao Chelsea este ano, apesar de tudo, tornou-se ainda mais decisivo.

No meio disto, emergiu Glenn Murray. Quem? Pois. Aos 32 anos, o avançado que fez carreira, essencialmente, no Crystal Palace e no Brighton & Hove marcou o terceiro tento da época, mas, porventura, um dos mais importantes da carreira. Ele que até já chegou a ter números bem interessantes: em 2012/13, no Championship, fez 31 golos em 45 jogos pelo Crystal Palace.

-Riyad Mahrez (Leicester City)

Continuamos em Inglaterra e em tom de surpresa. Esta uma surpresa no acumulado. Já lá vão 15 jornadas e o líder da Liga é o Leicester, de Cláudio Ranieri. Isolado e com apenas uma derrota, registo que só encontra paralelo no Tottenham.

Até agora, o abono de família tinha sido Jamie Vardy, que esteve 11 jornadas seguidas a marcar. Parou este sábado, mas o Leicester seguiu no trilho do sucesso. Culpa do argelino Riyad Mahrez, que fez os três golos que valeram a vitória no reduto do Swansea. Quem adivinhava isto?

-Marko Arnautovic (Stoke City)



Para que o Leicester seja líder isolado, alguém teve de fazer tombar o Manchester City, que começou a jornada na frente. Foi o Stoke City. Ou melhor foi Marko Arnautovic. Dois golos seus deram a vitória sobre a equipa de Manuel Pellegrini. O austríaco mostra apetência para marcar em jogos complicados. Já tinha dado a vitória à sua equipa no jogo com o Chelsea, de Mourinho, que o treinou no Inter, ou marcado no empate a dois com o Tottenham, logo à segunda jornada.

Arnautovic, de 26 anos, está na terceira época no Stoke City e, a nível de golos, já igualou o melhor registo, na temporada inicial, com cinco. A melhor marca da carreira continua, contudo, distante. Em 2008/09 fez 14 golos pelo Twente.

-Andre Schubert (Borussia Monchengladbach)

Deixemos o relvado e centremo-nos no banco. Voltamos ao ponto de partida desta análise para sublinhar a primeira derrota interna do Bayern Munique, esta época. O Borussia Monchengladbach venceu por 3-1 e esteve, até, a ganhar por três de diferença.

No banco, Andre Schubert, de 44 anos, que começou a época na equipa B mas foi chamado a render o suíço Lucien Favre, depois de cinco derrotas nos primeiros cinco jogos da Liga. Paulatinamente, Schubert inverteu o cenário: ainda não perdeu, chegou a somar sete vitórias seguidas e já é terceiro. A obra está a meio, claro, mas o sabor de um trinfo sobre a máquina trituradora de Pep Guardiola ninguém lhe tira.

-Santi Mina (Valencia)



Na semana do adeus a Nuno Espírito Santo e com Gary Neville, o surpreendente sucessor, ainda a ver de fora, o Valencia roubou dois pontos ao líder Barcelona, graças a um golo de Santi Mina, perto do final.

O jovem contratado ao Celta de Vigo ainda não tinha marcado esta temporada e pode dizer-se, por isso, que o fez em boa altura. Menos para o Barcelona, como é óbvio. A equipa de Luís Enrique marcou por Suárez a meia hora do fim, mas Santi Mina roubou-lhes dois pontos aos 86. Foi o terceiro jogo seguido sem ganhar para a Liga por parte do Valência (que teve em Ruben Vezo o único português no onze), mas Gary Neville vai começar a trabalhar com uma equipa já com outra moral, depois de fazer tropeçar o líder.

-Diego Godín (Atl. Madrid)

Quatro vitórias seguidas na Liga e oito jogos sem perder. O pecúlio do Atlético Madrid é bem interessante e, numa jornada em que o líder Barcelona tropeçou, a equipa de Diego Simeone já só tem menos dois pontos do que o primeiro.

Diego Godín é figura a triplicar: marcou o primeiro golo da vitória sobre o Granada; teve o gesto sempre tocante de o dedicar a Tiago, que sofreu, recentemente, lesão grave e vai desfalcar a equipa até março; e ainda comanda uma das melhores defesas da Europa e a melhor de Espanha. Apenas seis golos sofridos em 14 jogos. Nada mau.

-Mattia Destro (Bolonha)



O Nápoles deixou a liderança da Liga italiana nas mãos do Inter de Milão e a culpa, em grande parte, é de Mattia Destro. Num duelo particular com Higuaín (ambos bisaram), o avançado do Bolonha riu no fim: marcou os mesmos golos mas levou os três pontos.

O avançado de 24 anos fez um jogo tantos como tinha nos restantes 13. Aliás, o primeiro golo de Mattia Destro esta época surgiu, apenas, na 11ª jornada, na vitória por 3-0 sobre o Atalanta. Na 13º foi decisivo ao fazer o empate a dois, que durou até ao fim, com a AS Roma. Cumpriu castigo na semana passada e agora volta com um «bis». Está, sem dúvida, na melhor forma da época.

-Cheikh N’Doye (Angers)

A receção do Lyon ao Angers poderia ser apenas mais um jogo, mas foi muito mais que isso. Envolveu uma carga dramática fora do comum por ser o último jogo da Liga francesa no Estádio Gerland, um dos monumentos do futebol gaulês, com uma história que começou a ser escrita em 1920.

Juninho Pernambucano, antiga estrela lionesa, marcou presença na despedida mas no final não houve motivo para festa. O Angers, uma das grandes surpresas da Liga francesa deste ano (já é segundo!), venceu por 2-0, com dois golos de Cheikh N’Doye que gelaram os adeptos locais e fizeram perder a paciência com treinador e equipa. Na história do Lyon ficará, contudo, este N’Doye, sempre que alguém recordar o fim do capítulo Gerland.