O balanço de uma noite riquíssima em futebol internacional começa com uma história de superação. Uma história contada com um nome próprio, um lapso de tempo e uma enorme ovação: o nome é de Jonas Gutierrez, internacional argentino que nesta quarta-feira voltou a jogar na Premier League. O lapso de tempo são onze meses, assinalando o seu período de ausência dos relvados - tinha feito o último jogo a 5 de abril de 2014, quando estava emprestado ao Norwich. Ou, então, podemos alargá-lo a 18 meses, data em que lhe foi diagnosticado um cancro nos testículos, que combateu durante todo este tempo, sem abandonar a ideia de voltar aos relvados. A ovação, claro, foi tributada pelos adeptos do Newcastle, no St. James' Park, quando Jonas entrou em campo, a 25 minutos do fim. Mas é, neste caso, partilhada pelos adeptos de todos os clubes, em todo o mundo.



Apenas dois minutos mais tarde, Gutierrez deixava mais sinais de plena recuperação, vendo o cartão amarelo. Mas nem sequer o golo de Young, a dar a vitória ao Manchester United, ao cair do pano, retira significado a um dos momentos mais fortes da semana.

De resto, desportivamente, a jornada da Premier League foi invulgarmente previsível, com vitórias para os oito primeiros da classificação. Depois dos festejos de domingo, com a conquista da Taça da Liga diante do Tottenham, o Chelsea e José Mourinho voltaram a sair por cima de um dérbi, impondo-se em casa do West Ham (0-1, com golo de Hazard).



A vantagem para o Manchester City mantém-se confortavelmente inalterada (cinco pontos, com um jogo a menos) mas cada jogo ganho fora de portas representa um passo de gigante para os «blues». De resto, continua empolgante a luta pelos lugares de acesso à Liga dos Campeões, com apenas cinco pontos a separar o terceiro, Arsenal, do sexto, o Southampton.

Ao contrário de Inglaterra, onde as emoções do campeonato vão ser suspensas no próximo fim de semana, dando lugar à Taça, esta quarta-feira foi dedicada às segundas competições de Espanha, Itália, França e Alemanha.

Começando pela Taça do Rei, o primeiro registo vai para a definição dos finalistas – Barcelona e Ath. Bilbao vão proporcionar a oitava reedição de uma final com ilustres antecedentes históricos, o mais famoso dos quais será sem dúvida este, de 1984:



O primeiro a garantir a passagem à final foi o Barcelona, que repetiu, no campo do Villarreal, a vitória por 3-1 da primeira mão. Mas por entre os golos, a nota de destaque vai para a lesão sofrida por Busquets, depois desta entrada ao tornozelo, por parte de Pina:



O médio do Villarreal estava firmemente apostado em não acabar o jogo, a avaliar pela forma como, a meio da segunda parte, viu o cartão vermelho por esta tesoura sobre Neymar, quando o macrador registava um empate a um golo:



Depois disto, as coisas ficaram mais fáceis para o «Barça», que fechou as contas da eliminatória com golos de Suarez e Neymar e ficou a ver no que dava o Espanhol-At. Bilbao. Depois do empate (1-1) na primeira mão, em Bilbao, a perspetiva de um duelo catalão na final estava bem viva, mas dois golos dos visitantes no primeiro tempo deixaram as coisas resolvidas.

Se em Espanha já se fazem contas à final, em Itália, só agora começaram a jogar-se as meias-finais, com vantagem momentânea para o Nápoles, que arrancou um empate com golos na visita à Lazio. O Juventus-Fiorentina desta quinta-feira poderá lançar mais alguma luz sobre o assunto, que só ficará fechado daqui por um mês.



Fechadas, e sem hipóteses de recuperação, ficaram as contas do Mónaco na Taça de França: na visita ao Parque dos Príncipes, Leonardo Jardim optou por poupar alguns jogadores-chave, como Moutinho e Bernardo Silva, dando preferência às lutas no campeonato e na Liga dos Campeões. Os golos de David Luiz e Cavani deram uma vitória lógica aos parisienses, que fazem figura de ultrafavoritos nas meias-finais onde, para já, terão o St. Étienne como adversário mais temível. Esta não foi uma noite boa para os portugueses já que, no jogo em atraso da Liga, o Lorient, com Raphael Guerreiro a titular, perdeu (1-0) com o Evian Thonon Gaillard e continua apenas dois pontos acima da zona de despromoção.

E se em França a Taça ainda está nos quartos de final, na Alemanha só agora lá chegou. Nesta quarta-feira jogaram-se os últimos quatro jogos dos oitavos, com direito a um pequeno escândalo: a eliminação do histórico Werder Bremen diante do Arminia Bielefeld, do terceiro escalão. No resto, impos-se a lei dos mais fortes, com vitórias lógicas do Bayern, Wolfsburgo e Borussia Moenchengladbach. Com Leverkusen e Dortmund também entre os oito sobreviventes, há cada vez menos margem para sensações nesta Pokal que parece destinada a acabar na vitrina de um dos grandes.