Vencedor da Copa América e nomeado para trenador do ano na Gala da FIFA, Jorge Sampaoli tem sido apontado a clubes importantes da América do Sul e também da Europa, mas garante não ter sido contactado.

«Se me apontam a esses lugares vejo que não devem ter o meu número, pois ninguém me ligou», disse o técnico argentino, que coloca um ponto de interrogação em torno do futuro, uma vez que no próximo mês de janeiro haverá eleições na federação chilena, e nessa altura será necessário discutir o projeto para a seleção.

«O que quero é encontrar o futebol do passado para melhorá-lo, para que tenha mais alegria, para que os adeptos disfrutem mais e não se conformem apenas em ganhar. Gostaria de estar num lugar em que se valorizasse a vontade de jogar melhor», acrescentou Sampaoli, numa entrevista à Cadena Cope em que fala da sua filosofia de jogo.

O técnico diz até que a nomeação para treinador do ano não é um prémio para si, mas para a forma de jogar do Chile, que venceu a Copa América. «Valorizo muito a nomeação. Não por mim, mas pela forma como se alcançou tudo, por estar no pódio com pessoas que valorizam muito o ataque», respondeu Sampaoli, referindo-se aos «rivais» Pep Guardiola e Luis Enrique.

«Hoje em dia, tirando duas ou três equipas, não conseguimos ver futebol. Vemos outra coisa. Se quero ver bons jogadores vejo o Barcelona. Se quero ver uma boa equipa vejo o Bayern. Mas a conclusão a que chego, quando termina o fim de semana, é que vi muito pouco», diz Sampaoli,

Considerado por muitos um discípulo de Marcelo Bielsa, Sampaoli assume ter uma «grande admiração» pelo compatriota, mas diz que a sua filosofia de jogo é diferente. O selecionador chileno elogia também Diego Simeone, por «ter conseguido que a equipa mate pela sua ideia de jogo», mas reconhece que a sua grande referência atual é Guardiola. «Vai evoluindo de acordo com o que precisa. É alguém que está sempre a evoluir, que tem jogadores comprometidos com a sua ideia, sobre a qual pode refletir, e que pode modificar facilmente pela crença que gera. Tentamos evocar este Bayern. Aquilo que não negociamos é o protagonismo desmedido, que nos permite dominar e não ser dominados, defendermos muito com bola.»

«Se jogarmos bem e tivermos sempre a bola, não haverá canto, livre ou coisa alguma que nos afete», reforça o selecionador do Chile, assumindo que a posse de bola tem de dar frutos: «Aqueles que renunciam à posse de bola dizem que são as equipas com mais posse de bola que mais perdem. Se não transformas o domínio em situações de golo acabas por ser uma equipa que ganha pouco mais do que uma ideia.»

Questionado sobre os problemas no Chile em lances de bola parada, por ter centrais (adaptados) com baixa estatura, Sampaoli deixa uma resposta pragmática: «O ideal seria ter centrais de 1,90m que joguem bem. Mas tendo em conta as nossas prioridades precisamos de médios a jogar como centrais, para que o início de construção de jogo seja bom. Se o início não for bom o final será pior.»