Uma estratégia incompreensível para a dimensão do clube, um jogo demasiado pobre para uma competição de milhões e da qual o Manchester United saiu, ao perder em casa frente ao Sevilha (1-2).

José Mourinho preferiu fazer as coisas ao contrário, desta vez. Lançou Fellaini de início e precisou dele nos minutos finais; mandou a equipa aproveitar o físico, quando Alexis Sanchez, Lingard e Rashford são de outro estilo.

Perdeu também porque houve um Big Ben em Old Trafford. Um avançado francês de apelido Yedder, que ao fim de 87 segundos em campo fez o primeiro golo da eliminatória, para acabar com ela minutos depois e levar os andaluzes pela primeira vez aos quartos de final da Champions, segunda na História, se juntarmos a Taça dos Campeões Europeus.

Fellaini e Lukaku: como eles influenciaram

O jogo desta noite, do ponto de vista do United, foi influenciado por dois homens. A estratégia de José Mourinho trazia Fellaini para o lado de Matic, mas atirava o médio belga para o meio da área, quando a bola chegava a um dos flanqueadores: Alexis Sanchez e Rashford.

Com Lingard no apoio a Lukaku, resultou dessa opção que o ManUtd quando chegou à zona em que tem de ser criativo, escolheu colocar a bola no ar para Fellaini. Uma, duas, três vezes: não pareceu acaso, antes uma ideia pré-definida. 

Ora, a presença de Fellaini acentuou o futebol aéreo do United, pois Lukaku já é muitas vezes servido dessa forma. O avançado foi imensamente solicitado nesse modo, por vezes conseguiu desenrolar o ataque, noutras nem por isso, até porque Lenglet foi uma sombra que o perseguiu por todo lado.

Enfim, deu a ideia que o jogo de futebolistas como Sanchez, Lingard e Rashford que no papel permitiriam combinações constantes e rápidas pelo chão foi obrigado a mudar de estilo. Ironicamente, a grande jogada de perigo do United no primeiro tempo sucedeu quando Fellaini entrou na área e foi servido pelo chão. Rematou para as mãos de Sergio Rico.

Pogba, golo, e a estratégia que se perdeu

Também havia Sevilha no jogo. Os espanhóis demoraram a aproveitar o espaço central que o United deu no primeiro tempo, atiraram várias vezes, mas quase sempre fora do alvo. Demasiado lento nas transições, os andaluzes iam vencer a eliminatória quando Montella lançou Ben Yedder.

O 1-0 é paradigmático do encontro. Pogba já estava em campo, mas entrou sem andamento e pouco acrescentou à construção/criação dos ingleses. Ora, ao minuto 74, estava o Manchester United a trocar a bola na defesa, na fase de construção. Mas os red devils não conseguiam meter bola entre as linhas contrárias, ora porque a equipa estava estática, ora porque passou demasiado tempo à procura de Lukaku na frente. O Sevilha recuperou a bola, Sarabia meteu em Ben Yedder e o francês bateu De Gea.

Os andaluzes estavam na frente e mais ficaram quando uma defesa perdida deixou um sevilhano solto na área, Young escorregou, Ben Yedder cabeceou e até De Gea foi infeliz na tentativa de salvar o 2-0.

A partir desse momento, o Manchester United mudou e criou ocasiões em catadupa, apesar de os andaluzes também terem andado perto do 3-0. Lukaku ainda reduziu, numa altura em que quem estava em campo desligara de qualquer estratégia e jogava com alma e coração, o que trouxe ao de cima a qualidade futebolística que há no plantel do United, com Mata e Martial já em campo. 

Mourinho poderá vir dizer que até ao 1-0 controlou o Sevilha. Mas isso é pouco quando se olha os nomes que há nas equipas, aos nomes dos clubes, aos orçamentos dos mesmos, ao palmarés de cada um e, inclusive, aos nomes e experiência de quem se senta nos bancos.

Pela primeira vez na História, o Sevilha venceu em Inglaterra, graças a um Manchester United que preferiu o jogo direto ao associativismo em campo de unidades talentosas como Lingard, Rashford ou Sanchez. No final deste jogo, ninguém falará deles, porque Ben Yedder roubou-lhes o palco. E a presença de Fellaini a tomada de decisão.