Vítor Pereira dá esta sexta-feira uma entrevista ao Record na qual aborda vários assuntos. Entre os quais, por exemplo, o estágio que fez este ano no Bayern Munique.
 
Ora a meio dessa conversa é perguntado a Vítor Pereira se percebeu por que o Bayern falhou na meia-final da Champions da época passada com o Real Madrid. A resposta foi surpreendente.
 
«Por acaso discutimos isso. E eu disse-lhe exatamente o que penso: Pep, em determinados jogos continuas a expor a tua linha defensiva no momento da transição. Está a acontecer-te isto, isto e isto. Esta é a minha opinião, se quiseres reflete», conta Vítor Pereira.
 
«Ele concordou e respondeu-me: Tens razão. Já percebi isso. Mas ando à procura de um exercício que me permita resolver o problema». Eu disse-lhe: «Vou dar-te uma sugestão. Se aceitares, está aqui. É assim. E dei-lhe um exercício. Resulta de certeza absoluta, expliquei-lhe. Nunca tinha pensado nisso, diz-me o Pep.»
 
Vítor Pereira conta depois que no dia seguinte chegou ao treino e foi interpelado pelo adjunto Manuel Estiarte.
 
« O que deste ao Pep? Passou toda a tarde fechado no gabinete, parecia que lhe tinham dado um brinquedo... De seguida aparece ele e diz-me: Vítor, Vítor, vais ver o treino? Hoje vou começar a fazer o que me disseste. Se calhar pegando na tua ideia, ainda dá para colocar isto e aquilo ali», acrescenta.
 
«Ou seja, acabou por adaptar a ideia à forma de jogar da equipa dele. Tem uma capacidade fora do comum.»
 
O Everton, o Al Ahly e o FC Porto
 
Nesta entrevista ao Record, Vítor Pereira recorda ainda que esteve muito perto de assinar pelo Everton quando saiu do FC Porto.
 
«Na altura, segundo me foi contado, o Everton falou com nove treinadors. Acabámos por ficar, na lista final, eu e o Roberto Martínez. Escolheram-no a ele por duas razões, creio eu. Porque já tinha uma boa experiência no futebol inglês, mas também porque mantinha uma boa relação com David Moyes.»
 
Seguiu-se então o Al Ahly.
 
«Vi as coisas bem encaminhadas para o Everton e chegie a estar convencido que iria para lá. Quando escolheram o Martínez, fiquei muito desiludido. Entretanto apareceu o Anzhi. Estive numa reunião com pessoas do clube, mas também acabei por não ir e neste caso ainda bem», recorda.
 
«Em seguida sou contactado pelo Al Ahli. As pessoas apareceram aqui em Espinho e estiveram cá acampados nove dias, até me convencerem a ir. A proposta era uma daquelas que não se pode recusar. Um papel em branco e um pedido: Põe ai os números que quiseres. Foi isto.»
 
Para trás ficou o FC Porto e aquilo que parece ser uma mágoa. Palavra ao treinador.
 
«Repare: o Vítor Pereira aparece no FC Porto vindo do Santa Clara e poucas pessoas sabem quem é esse Vítor Pereira. De repente esse treinador até ganha campeonatos. E qual é a ideia que se tenta passar? Que é a estrutura que ganha. E não é bem assim.»
 
Logo a seguir insiste.
 
«Não é, de todo. A estrutura não ganha. Ajuda a ganhar. Mas isso só é possível acontecer se o treinador for ganhador e provar competência.»
 
Por fim, Vítor Pereira garantiu que não fecha a porta a Benfica e Sporting.
 
«O que eu amo verdadeiramente é o futebol. Não é o clube A, B ou C. Sou portista, como adepto, mas sou muito mais profissional. Portanto, não posso dizer que não trabalharei no Benfica, no Sporting ou em qualquer outro clube.»
 
O nome do treinador já esteve, aliás, colado ao Sporting.
 
«Sim, mas foi especulação. Nada mais do que isso. Acredito que em breve estarei a treinar, mas será no estrangeiro.»