Apesar do triunfo por 2-1 sobre a Argélia, Carlos Queiroz considerou que a seleção iraniana ainda precisa de trabalhar muito para se aproximar no nível exibicional exibido para o Mundial.

«Provavelmente, vou surpreender-vos e até chocar-vos, mas estes dois jogos (com Tunísia e Argélia) demonstraram claramente que estamos longe, não perto, do nível do Mundial, a nível do passe, da velocidade, dos duelos individuais. Sei que algumas pessoas não vão gostar, mas não me importa», disse o treinador português após o jogo.

Para Queiroz, a seleção iraniana tem um atraso de 40 a 60 anos para congéneres com a Espanha e Portugal, adversários na fase de grupos do próximo Mundial. Soluções?

«Só há uma maneira de fazer isso: colocar os jogadores num ambiente especial, inseridos num programa de treino. Só temos 40 dias para o Mundial. É tempo de tomar decisões. Amanhã já será tarde. As competições nacionais, a Liga E mesmo a Liga dos Campeões (asiática) não são suficientes para os nossos jogadores locais. Quem diz que estamos preparados, está a mentir», apontou Carlos Queiroz, que deu o exemplo da Arábia Saudita, que impediu que os jogadores alinhem pelos clubes para participarem num estágio de preparação para o Mundial.

Para o treinador português, os jogadores iranianos que alinham no Irão têm de ser sujeitos a um treino especial sob a sua orientação. «Se não fizermos isto, não teremos qualquer chance no Mundial. Cinquenta por cento dos jogadores da seleção treinam e jogam no Irão. Agora, está nas mãos do presidente da Federação, dos presidentes dos clubes, do Ministro dos Desportos, tomar uma decisão. O que é que é importante, as competições nacionais ou o campeonato do Mundo?», questionou.

Carlos Queiroz aproveitou para perspetivar o arranque do Mundial: «O que esperam com Marrocos: um baile? Julgam que vamos dançar uma valsa com Portugal e Espanha? Não, não vai ser um concerto de ópera, vai ser mais ‘rock and roll’, vai ser preciso saltar e lutar muito.»

“Vamos precisar de jogadores com velocidade, poder de choque, capazes de ganhar lances ombro a ombro e temos de ser capazes de fazer isso, não uma ou outra vez, mas sempre que for necessário no jogo. Os nossos defesas têm de ser capazes de saltar 10 vezes contra (Cristiano) Ronaldo, caso contrário não terão qualquer hipótese», rematou Queiroz.