É um dos jovens em maior ascensão no plantel do Manchester City e durante o período de formação esteve muito perto de assinar pelo FC Porto... Mas a distância não foi o principal entrave.

Oscar Bobb surpreendeu, na passada quarta-feira, pelo português perfeito que exibiu em declarações ao canal televisivo TNT Sports. O Maisfutebol falou com quem de perto acompanhou o crescimento do talento norueguês, aquando da passagem pela cidade invicta e as opiniões não podiam ser mais positivas.

Tudo começou num Mundialito, em 2013, quando Bobb tinha apenas nove anos. Os responsáveis do FC Porto ficaram logo com o jogador debaixo de olho, ainda ao serviço dos noruegueses do Lyn. Pedro Mané, antigo treinador da formação portista, conta que foi chegada do atleta da Escandinávia que lhe abriu as portas do FC Porto a ele próprio.

«Fui contratado pelo FC Porto precisamente por causa da vinda do Oscar Bobb», refere o técnico.

«Tinha acabado de tirar um curso de treino individualizado, a Coerver Coaching, uma metodologia utilizada na Noruega. Esse foi um fator essencial para a minha contratação, face a outros possíveis candidatos ao cargo. O Oscar Bobb já era conhecido na estrutura do FC Porto, mas eu nessa altura ainda não estava no clube: entrei precisamente no mesmo ano em que ele entrou.»

A chegada do prodígio norueguês marcou Pedro Mané. Pela qualidade individual do jogador, mas também pela humildade que o distinguia dos demais. Fatores que Miguel Morais, na altura, atleta do FC Porto e apenas um ano mais velho que o norueguês, considera essenciais para o sucesso a longo prazo, que Bobb está a conseguir.

«Ele fala muito bem português, mas já falava, na altura, quando tinha 12 anos. Veio para o clube de forma permanente quando era sub-13, mas nessa altura ele já falava fluentemente português, além do inglês e do norueguês, claro. Só isto já dá para perceber também o nível de inteligência do Oscar», explica.

«Notou-se logo que ele tinha um talento fora do normal, mesmo não sendo muito forte fisicamente, nem tendo outros atributos mais físicos, em termos de técnica e habilidade notava-se que era fora do comum. Sempre o vi como um jogador que podia atingir um clube de topo como onde está neste momento, era um rapaz bastante humilde», diz o agora jogador do Leixões.

No entanto, o mar não tardou a ficar turbulento para o ainda jovem Oscar Bobb, que se viu envolvido numa série de processos burocráticos junto da FIFA, que o impediram de assinar pela formação azul e branca.

Em janeiro de 2017, o atleta chegou a ser transferido para a escola de futebol Hernâni Gonçalves, sediada no Porto. Durante esse período, os dragões tentaram de novo fazer com que o jogador permanecesse em Portugal, mas tudo não passou de uma miragem.

Ficou, ainda assim, na memória de quem o orientou, a certeza de que o mais importante foi conseguido, não deixar que Oscar Bobb perdesse a vontade de jogar futebol. Pedro Mané refere isso mesmo e acredita que apesar de todos os entraves, o FC Porto sempre fez de tudo para minimizar os estragos.

«Eu não sabia o que se ia passando em termos burocráticos, essa não era a minha função, de todo. O meu objetivo era garantir que o Oscar estava exclusivamente focado naquilo que era o seu desenvolvimento e essa sempre foi a minha prioridade. O que clube fazia era criar momentos competitivos para que ele pudesse jogar, sabendo que a ausência da competição formal fazia com que ele não estivesse plenamente feliz», explica Pedro Mané.

Com as qualidades reconhecidas por todos e a dedicação certa, Oscar Bobb viu o período pós-FC Porto ser muito risonho.

Pelo meio estiveram dois anos ao serviço do Valerenga, na Noruega, antes da tão cobiçada transferência para o poderoso Manchester City. O passo certo, sob a alçada de um dos melhores treinadores de sempre, num contexto muito favorável, é a receita para o sucesso garantido.

«Acho que ele é um jogador ideal para o estilo de jogo que o Manchester City pratica e para o Pep Guardiola», acredita Miguel Morais, que encontra algumas semelhanças entre Bobb e Phil Foden, ambos com passagem pelos escalões de formação dos «citizens».

«O Oscar tem tudo para ser uma grande promessa, tem muitos anos para crescer no clube, já se notava que ele podia alcançar esses patamares e agora está-se a comprovar», acrescenta.

Pedro Mané olha para a aposta no jogador de um ponto de vista diferente, como uma «troca por troca», depois da saída de Cole Palmer para o Chelsea. «O facto do Manchester City ter abdicado de um jogador como o Cole Palmer demonstra também que a aposta no Oscar Bobb é para continuar. Em função da idade dele e do que tem apresentado, não tenho a mínima dúvida que será um jogador extremamente importante para o futuro do clube», acredita o treinador-adjunto da equipa B, do Charlotte FC, nos Estados Unidos.

A verdade é que esta tem sido a época de afirmação de Oscar Bobb na equipa principal do Manchester City. Com 19 jogos somados, até ao momento, o avançado de 20 anos leva três golos, sendo que a estreia a marcar foi no maior de todos os palcos, a Liga dos Campeões, diante do Estrela Vermelha.