Como quase sempre, começou e terminou sem despertar grande paixão no público mais uma edição do Mundial de Clubes, que valeu ao Barcelona o quinto troféu da temporada. Numa final com pouca história,
a equipa de Luís Enrique despachou o River Plate, campeão sul-americano, por 3-0.
O triunfo permitiu tirar várias conclusões interessantes. Umas mais esperadas do que outras. Desde logo, o Barcelona isola-se na lista de vencedores da competição, chegando ao terceiro triunfo e separando-se do Corinthians, que venceu o primeiro Mundial de sempre (2000) e conseguiu, o que, agora, pode ser visto como uma proeza: interromper o domínio europeu nos últimos anos.
De facto, o triunfo do «Timão» sobre o Chelsea, de Rafa Benítez, em 2012 foi o único motivo de festejo para a CONMEBOL nas últimas oito edições. Isto numa prova que até começou por parecer à medida das equipas sul-americanas. Para além do triunfo em 2000, na edição experimental, o Brasil viu o São Paulo bater o Liverpool, em 2005, na primeira edição «a sério», e o Internacional de Porto Alegre fazer o mesmo ao Real Madrid no ano seguinte.
Sol de pouca dura. Os europeus começaram a encarar a competição com outros olhos e, tirando o tal tropeção do Chelsea, não mais deram hipóteses. A tal ponto que o golo solitário de Paolo Guerrero que decidiu esse encontro, foi o único que as equipas europeias sofreram numa final do Mundial nas últimas seis edições. Duas delas, contudo, tiveram oposição africana e não sul-americana. Em 2010, o Mazembe, do Congo, sucumbiu face ao Inter de Milão (3-0) e em 2013 foram os marroquinos do Raja Casablanca a não resistir ao favoritismo do Bayern Munique (2-0).
O golo de Guerrero (Corinthians):
Uma tendência que vem da Taça Intercontinental
O Mundial de Clubes, como se sabe, sucedeu à Taça Intercontinental, competição que juntava, apenas, os campeões da UEFA e CONMEBOL e que veio para Portugal duas vezes, ambas por intermédio do FC Porto, em 1987 e 2004, esta a última edição de sempre.
O que agora se tem verificado já era notado na última década da Intercontinental. Mais expressiva, aliás, do que agora, até. Entre 1995 e 2004 houve oito vencedores europeus e apenas dois sul-americanos. Foi, de longe, a melhor década da Europa.
Não se pense, contudo, que os números finais são desequilibrados, pois a balança continua muito igual, face ao domínio exercido pelas equipas sul-americanas durante os primeiros anos.Entre 1980 e 1988, por exemplo, ocorreram sete vitórias sul-americanas.
Se, tendo apenas em consideração o Mundial de Clubes, a vantagem Europeia é clara (8-4 em 12 edições), no global a diferença é mínima (28-27, favorável às equipas europeias).
A maior série de vitórias até é sul-americana, conseguida entre 1977 e 1984. Foram sete vitórias seguidas, uma vez que em 1978 a competição não se realizou. Foi a Juventus a terminar esta onda de triunfos ganhando ao Argentino Juniors, nos penalties, em 1985. Um dos golos do encontro que acabou com a «ditatura» sul-americana na prova foi de Michel Platini...atual presidente da UEFA.
Maior série de vitórias de uma Confederação:
1977- Boca Juniors-Bayern Munique, 2-2; 3-0*
1979- Olimpia-Malmoe, 1-0; 2-1*
1980- Nacional Montevideu-Nottingham Forest, 1-0
1981- Flamengo-Liverpool, 3-0
1982- Penarol-Aston Villa, 2-0
1983- Gremio Porto Alegre-Hamburgo, 2-1 ap
1984- Independiente-Liverpool. 1-0
*- Até 1980, a final jogava-se a duas mãos, uma em casa de cada um dos adversários
A UEFA nunca conseguiu mais de cinco vitórias seguidas, mas fê-lo por duas vezes. A primeira entre 1995 e 1999, com vitórias de Ajax, Juventus, Borussia Dortmund, Real Madrid e Manchester United. Em 2000, o Real Madrid interrompeu a série ao perder com o Boca Juniors. O português Luís Figo foi titular pelos madrilenos nesse jogo em que os três golos surgiram nos primeiros 11 minutos: dois por Martin Palermo, para o Boca, e um por Roberto Carlos para o Real.
Já na era do Mundial de Clubes, a UEFA voltou a somar cinco vitórias seguidas, interrompidas pelo já referido triunfo do Corinthians sobre o Chelsea em 2012. Antes, Milan, em 2007, e Manchester United, Barcelona, Inter e novamente o Barcelona, nos anos seguintes, tinham igualado o feito da década de 90.
Barcelona: o tricampeão mais rápido de sempre
O Real Madrid e o AC Milan são as equipas que mais troféus levantaram no somatório das duas competições. São quatro (três Taças Intercontinentais e um Mundial de Clubes, para cada um). Segue-se uma longa lista de equipas que venceram o troféu por três vezes sendo que, como se disse, o Barcelona foi a única que equipa a fazer esse número apenas na prova atual.
E ainda um outro aspeto: foi a equipa que precisou de menos tempo para chegar ao terceiro título. Conseguiu-o em seis anos, o que dá uma média de um troféu a cada dois. Para se ter uma ideia, a anterior equipa mais rápida a chegar ao tri tinha sido São Paulo, que precisou de 13 anos. Mais do dobro.
OS MULTIVENCEDORES
Quatro vitórias:
Real Madrid (1960; 1998; 2002 d 2014)
AC Milan (1969; 1989; 1990 e 2007)
Três vitórias:
Peñarol (1961; 1966 e 1982)
Boca Juniors (1977, 2000 e 2003)
Nacional Montevideu (1971; 1980 e 1988)
Bayern Munique (1976; 2001 e 2013)
Inter de Milão (1964; 1965 e 2010)
São Paulo (1992; 1993 e 2005)
Barcelona (2009; 2011 e 2015)
Duas vitórias:
FC Porto (1987 e 2004)
Independiente (1973 e 1984)
Juventus (1985 e 1996)
Santos (1962 e 1963)
Ajax (1972 e 1995)
Manchester United (1999 e 2008)
Corinthians (2000 e 2012)
Internacional
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21 dez 2015, 10:09
O tri do Barça num Mundial cada vez mais europeu
Barcelona é o tricampeão mais rápido da história do Mundial de Clubes/Taça Intercontinental. Nos últimos 20 anos, apenas por seis vezes o vencedor não foi uma equipa do Velho Continente
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