Há 10 anos, a vida do selecionador nacional Roberto Martínez era bastante diferente. O técnico espanhol ia na quarta época consecutiva ao serviço do Wigan e teve uma reta final de temporada agridoce: deu a primeira Taça de Inglaterra ao clube e, dias depois, não conseguiu evitar a despromoção.

Precisamente uma década depois, Martínez recordou a conquista da FA Cup diante de uma equipa do Manchester City repleta de estrelas.

O jogo seguia empatado a zero, até que, aos 81 minutos, o selecionador decidiu lançar Ben Watson. O médio inglês, que tinha passado largo período da temporada de fora devido a uma perna partida, regressou como um «herói» e marcou o único golo do jogo, aos 91 minutos, na sequência de um pontapé de canto.

«Foi um sentimento que nunca tive antes e daqueles que fica contigo para o resto da vida», começou por lembrar Martínez à BBC.

«Quando estávamos a preparar a final, analisávamos cada detalhe, mas nunca ousamos, em nenhum momento, pensar: "Ok, como seria vencer?"», contou também ao The Athletic.

«No apito final, houve um belo momento. Um estádio cheio, em que quase dava para sentir a própria respiração. Foi um momento muito estranho e bonito, aquele sentimento de: "É nossa, vencemos".»

Martínez elogiou ainda a capacidade de trabalho de Watson, cuja época «parecia ter terminado».

«A substituição tinha de acontecer. Se virmos a época do Ben, ele partiu a perna em Anfield e não deveria estar naquele jogo. É um dos aspetos que só acontece na Taça de Inglaterra. A FA Cup dá-te esse sentimento de magia, de que podes alcançar tudo o que sonhas. Tenho a certeza de que ele passou muito tempo no ginásio a recuperar, a ver a equipa a avançar as rondas e a pensar que, talvez, podia estar apto para a final», completou.

Desde então, a carreira de Martínez sofreu várias mudanças. Na temporada seguinte, rumou ao Everton, onde esteve até 2016, quando assumiu o cargo de selecionador belga. No ano passado, foi apresentado como selecionador de Portugal.