O SKA Khabarovsk viajou 7200 km até Orenburgo e conseguiu nos penáltis uma subida inédita ao principal campeonato russo. Foi no domingo e a equipa só regressa a casa nesta terça-feira de manhã. São mais de 11 horas de avião. A Liga portuguesa ganhou quilómetros para a próxima época, com o regresso do Portimonense a estendê-la de novo até ao Algarve, mas não deixa de ser uma volta ao bairro comparada com isto.

Khabarovsk fica lá bem a oriente na Rússia, a 25 quilómetros da fronteira com a China. E a 8300 km de Moscovo, qualquer coisa como 100 horas de viagem para quem for de carro, portanto quatro dias de caminho. E mais longe ainda de São Petersburgo, o ponto mais ocidental da Liga russa. 

Quando visitou o Benfica para a Liga dos Campeões na época passada, e antes disso o FC Porto, o Zenit de São Petersburgo atravessou toda a Europa ocidental, mas ainda assim fez quase metade (!) dos quilómetros que terá de fazer para ir jogar a Khabarovsk, qualquer coisa como 8700km.

E até a viagem mais longa da história das competições da UEFA, que envolveu o Benfica e os cazaques do Astana, para a Liga dos Campeões de 2015/16, é mais curta do que a distância que terão de percorrer as equipas de Moscovo ou de São Petersburgo para chegar a Khabarovsk.

E vice-versa, claro. Esta é hora de festa para o Khabarovsk, um clube que tem origem nos anos 40, ainda na União Soviética, mas passou por várias mudanças de nome. Tem jogado regularmente na segunda divisão russa, há quatro anos chegou ao play-off de subida mas ficou pelo caminho e desta vez conseguiu mesmo.

Agora segue-se uma avaliação pela Liga russa, a ver se o clube reune condições para jogar o principal campeonato. Se for aprovado, terá não só um enorme desafio competitivo mas também logístico. Se para as outras equipas vai ser complicado deslocarem-se uma vez por época até ao Estádio Lenine, a casa do Khabarovsk, para o clube será muito mais.

Terá jogos fora jornada sim jornada não e o adversário mais próximo está a... seis mil quilómetros de distância. É o Ural, com sede em Ecaterimburgo. Que é também onde será o estádio mais oriental do Mundial 2018, que a Rússia recebe no próximo ano.

A Liga russa não terá na próxima época apenas um, mas dois estreantes absolutos. O outro é o Tosno, que também subiu esta época, junto com o histórico Dínamo Moscovo.

O FC Tosno é um clube muito jovem, fundado há menos de 10 anos na região de São Petersburgo, mas tem jogado em Novgorod, a 100 quilómetros de distância, enquanto planeia construir um estádio novo na sua cidade. Mas o recinto de Novgorod não cumpre os requisitos impostos pela Liga russa e, enquanto faz obras no recinto, o clube poderá ter de iniciar o campeonato no Estádio Petrovsky, em São Petersburgo, casa do Zenit.

Há mais clubes a estrear-se na elite europeia na próxima época. Não poderá dizer-se que o são em absoluto dois dos promovidos em Inglaterra, uma vez que tanto o Brighton como o Huddersfield, que assegurou nesta segunda-feira o último lugar, já tinham jogado no principal escalão do futebol inglês, quando se chamava First Division. Mas é a primeira vez que ambos estão entre os grandes na era Premier League.

Em França sim, haverá uma estreia absoluta. O Amiens chegou à Ligue 1 ao fim de 116 anos de existência. E com um golo no último suspiro dos descontos da última jornada da Ligue 2, graças a uma combinação improvável de resultados, da qual a fava saiu a um histórico, o Lens.

Lá em cima no norte de França, o Amiens é um clube modesto, mas tem um estádio moderno. O Stade de La Licorne, com capacidade para 12 mil pessoas, foi construído em 1999.

Em Itália há outro nome que soará a novidade à maioria dos adeptos. A SPAL, Societá Polisportiva Ars e Labor, tem origens há mais de um século, mas já passou por mais que uma refundação, por mais que uma bancarrota. A última foi em 2013. A última vez que tinha jogado no principal escalão do futebol italiano foi em 1968.

Em Espanha as decisões estão mais atrasadas, sendo nesta altura o Levante a única equipa já promovida das três que subirão à Liga, enquanto na Alemanha não haverá este ano lugar a surpresas como a do RB Leipzig, na temporada passada. Regressam dois históricos, o Hannover e o Estugarda, e o Wolfsburgo de Vieirinha assegurou nesta segunda-feira a manutenção, no play-off com o Eintracht Braunschweig.

Ainda a Leste, da Ucrânia também chegam histórias para contar. Entre os clubes que subiram está o Desna Chernigov, que já andou pelo topo do futebol ucraniano, antes da desagregação da União Soviética, mas andava há muito arredado. Fica a norte da Ucrânia e, ainda que a 200km de distância, está numa das cidades mais próximas de Chernobyl, local da catástrofe nuclear de 1986. O Maisfutebol já escreveu sobre isso. O outro clube que subiu não é novidade, mas o nome não dirá muito. O Illichivets é o antigo FC Metalurh Mariupol. Está de volta ao principal escalão ao fim de dois anos e prepara-se para nova mudança de nome. Uma iniciativa promovida pelo clube junto dos adeptos aponta para que passe a chamar-se FC Mariupol.

Os novos clubes na elite da Europa

Inglaterra

Brighton Hove & Albion

Newcastle

Huddersfield

Espanha

Levante

Falta apurar duas equipas, a duas jornadas do fim da II Liga. O Girona é quem está melhor colocado para a segunda vaga direta, depois haverá um «play-off» a quatro para definir o último bilhete.

França

Estrasburgo

Amiens

Troyes

Itália

SPAL

Hellas Verona

Terceiro: meias-finais entre Carpi e Frosinone, mais Benevento-Perugia

Alemanha

Estugarda

Hannover

Wolfsburgo assegurou a manutenção

Portugal

Portimonense

D. Aves

Rússia

Dínamo Moscovo

Tosno

SKA-Khabarovsk

Ucrânia

Illichivets 

Desna Chernigov

Bélgica

Antuérpia

Holanda

VVV Venlo

NAC Breda

Turquia

Sivasspor

Yeni Malatyaspor

Eskisehirspor, Giresunspor, Boluspor e Goztepe está na luta pelo último lugar de subida

Grécia

Apollo Smirna

Lamia

Suíça

FC Zurique