Uma montanha pode, normalmente, subir-se por mais do que um lado e esta do Mundial 2018 tem dois caminhos até ao topo. A Bélgica decidiu começar a escalada de forma calma, mesmo que depois a inclinação seja maior para lá chegar. É o mesmo que dizer que vai defrontar o Japão e fica na rota de equipas como Brasil, México, Argentina, França, Uruguai e/ou…Portugal.

Este era um jogo que, dizia-se, ninguém queria vencer, mas pelo que se viu em campo, ou Bélgica e Inglaterra são arrogantes o suficiente para irem para o lado esquerdo da chaveta, ou incrivelmente ingénuas para não quererem aproveitar um quadro que se afigura de menor dificuldade do lado direito.

Porque, refira-se, apesar do golo belga, os ingleses só não marcaram por mero acaso. Uma vez porque Courtois desviou um remate de Rashford, outra porque Fellaini impediu que chegasse às redes uma tentativa de Wellbeck. No final, ambas pareciam satisfeitas.

O jogo lançou-se quase numa perspetiva de pré-temporada. Oito alterações de um lado, nove do outro, bom tempo e duas seleções que pareciam muito mais interessadas em dar minutos aos menos utilizados do que propriamente no marcador.

Como se disse, ficar em segundo parecia mais interessante do que ser primeiro.  Um remate de Tielemans que Pickford defendeu com dificuldade afirmou que os belgas talvez não concordassem.

A Bélgica partiu para o jogo como segunda e, portanto, o pontapé do médio do Mónaco foi o primeiro sinal estranho para quem acredita na teoria de que ser segundo, neste caso, seria melhor.

Há teorias que se dizem conspirativas, mas também essas foram contrariadas quando Cahill, um inglês que era primeiro e a quem, alegadamente, servia mais ser segundo, foi a correr impedir um golo belga em cima da linha. A verdade era esta. Sem teorias, a Bélgica tinha duas ocasiões para golo aos dez minutos.

A partir daí, o jogo caiu de qualidade e intensidade. Dois cartões amarelos para os belgas deixavam os ingleses ainda mais primeiros. Porque a disciplina era o que desempatava as posições no grupo. Até ao intervalo, mais nada, portanto.

As muitas alterações e relativa importância da vitória tiraram emoção ao encontro, mas Januzaj trouxe sorrisos quando aos 51 minutos decidiu deixar marca. Bailou em frente a Rose e, com um remate em arco, escolheu o lado em que Bélgica e Inglaterra iam jogar no resto do Mundial 2018.

A Inglaterra teve as tais duas ocasiões flagrantes, mas foram mesmo os belgas que terminaram o encontro bem perto do 2-0, como que a quererem assegurar o topo do grupo.

Fizeram-no, defrontam o Japão e a Inglaterra a Colômbia, e só o futuro esclarecerá se, de facto, havia razão para tanta teoria, arrogância ou ingenuidade. Até porque pode suceder que nenhuma delas passe aos quartos de final. Este mundial não dá garantias de nada, nem mesmo que a Alemanha passa uma fase de grupos.