Família e futebol têm a muito a ver. Nos dias de hoje e desde sempre. Sejam os laços mais ou menos afastados, seja na mesma ou em equipa adversária. A Taça do Rei de Espanha foi cenário mais uma vez destes casos, que existem desde que há jogo. Na partida entre o Real Madrid e o Espanhol desta terça-feira houve mais um encontro de irmãos.

Nacho e Álex enfrentaram-se pela primeira vez como adversários. Ambos os manos Fernández foram formados no Real Madrid. Nesta época, Álex, o mais novo, saiu para o Espanhol. Estava destinado que teriam de defrontar-se. Saiu vitorioso o defesa do Real Madrid, o irmão mais velho.

O clube madrileno carimbou com mais um triunfo a continuação na Taça. Nacho mostrou-se contente com a passagem, mas esta não foi como outras: «Jogar contra o meu irmão é especial.» O centro campista foi eliminado e o que retirou de positivo do jogo não foi o resultado. «O Real Madrid, com o meu irmão, tem central para muitos anos», disse Álex.

Um caso como muitos outros. Ainda no passado fim de semana se verificou mais um episódio curioso com irmãos do futebol. Foi na Alemanha, na 18ª jornada da Bundesliga. Os irmãos Bender marcaram golos praticamente em simultâneo. Sven marcou o primeiro golo do B. Dortmund aos 5 minutos; Lars abriu o marcador para o B. Leverkusen aos 4 minutos, em jogos que começaram à mesma hora.

Nenhum deles ganhou nesta jornada (o defesa até marcou ainda um autogolo e o Borussia empatou; o Bayer do médio Bender acabou por perder), mas ficaram para a histórias os golos gémeos nos minutos marcados pelos também irmãos gémeos de 24 anos. A separação dos Bender no que ao clube respeita aconteceu também nesta época. Ambos foram formados no TSV Munique. Sven foi para Dortmund. Lars para Leverkusen. À 15ª jornada também eles se defrontaram pela primeira vez. Com os dois em campo de início, levou a melhor o médio Lars; o Bayer venceu 1-0 na casa do Borussia.

Degen fazem história

Como estes há – e tem havido – muitos: irmãos na mesma equipa, em equipas diferentes, a jogarem um contra o outro, gémeos... No Basileia, os também gémeos Degen se reencontraram na época passada (aos 29 anos) depois de cada um ter seguido a sua carreira em diversos clubes europeus. E também se encontraram por clubes diferentes fazendo a estreia absoluta na história das provas da UEFA de um jogo opondo irmãos gémeos. O Young Boys do médio David Degen venceu o Estugarda do defesa Philipp Degen (por 4-2).

No atual campeonato inglês atual há vários casos destes. O dos irmãos Touré é um bom exemplo. Também ambos seguiram diferentes caminhos desde o costa-marfinense ASEC Mimosas, mas também já se reencontraram no Manchester City. Para se separarem outra vez, pois Kolo já está no Liverpool. O confronto entre equipas de irmãos já aconteceu nesta época, mas não se verificou de facto, pois só Yaya jogou no triunfo do City sobre os «reds» (2-1), que Kolo viu do banco.



É em Inglaterra que encontramos também mais gémeos no mesmo clube como Rafael e Fábio da Silva no Mancesher United. E é também nos mesmos «red devils» que está Rio Ferdinand, irmão de Anton Ferdinand (a jogar no Antalyspor). E são ingleses também Shaun Wrigh-Phillips (Queens Park Rangers) e Bradley Wright-Phillips (dos New York Red Bulls). Os casos de manos futebolistas continuam em Inglaterra com Eden Hazard, mas dividem-se, por exemplo neste caso, com a Bélgica, onde ainda está o irmão do médio do Chelsea: Thorgan Hazard representa o Zulte-Waregem.

Mas não só. Também em muitos outros países os planteis atuais têm vários destes casos. No Benfica estavam os irmãos Matic e, agora, cada um deles foi para um destino diferente. Nemanja para o Cheslea; Uros para o NAC Breda. E é na Luz que ainda continuam também os Markovic, com Lazar no plantel principal e Filip na equipa B.

Entre os turcos, os mais conhecidos são os também gémeos Altintop: o médio Hamit está já no seu país (no Galatasaray); o avançado Halil está ainda na Alemanha (Ausgburgo). Na Rùssia, encontramos os irmãos Vasili e Aleksei Berezutski que, com exceção de uma época pelo meio para este último, fizeram o mesmo percurso desde os juniores do FC Moscovo até ao CSKA de hoje. Voltando à Alemanha encontramos nesse campeonato o germânico Jérome Boateng (Bayern Munique) e o seu meio-irmão Kevin-Price (Schalke 04), que escolheu a nacionalidade ganesa. Entre França e o Gana também estão três irmãos Ayew, filhos de Abedi Pelé: são eles os avançados André (Marselha) e Jordan (Sochaux) e o defesa Ibrahim (Asante Kotoko Kumasi).

Finais europeias na discussão familiar

Sempre tem sido assim, de facto. Há várias famílias que nesta altura estão, por exemplo, em fase de transição. O avançado costa-marfinense Salomon Kalou representa o Lille, mas viu o seu irmão Bonaventure deixar de jogar há três anos. Os irmãos Cannavaro cruzaram-se ainda no Parma, mas só Paolo continua a jogar, enquanto Fabio arrumou as botas no Dubai. Os Milito foram a dupla de irmãos no ativo a desfazer-se mais recentemente. Gabriel deixou de jogar no final do ano que passou. Só Diego continua no Inter.

Os argentinos deram corpo a um dos mais importantes jogos europeus opondo irmãos. Gabriel pelo Barcelona e Diego pelo Inter encotraram-se no Camp Nou para a segunda mão das meias-finais da Liga dos Campeões. Ganhou o Barça de Gabriel (1-0), mas seguiu para a final Diego, cujo Inter comandado por José Mourinho se sagraria campeão europeu.

Ronald e Erwin Koeman – também eles filhos de um futebolista (Martin Koeman) – defrontaram-se no jogo europeu mais importante de todos desta história. O Mechelen de Erwin (vencedor da Taça das Taças da época anterior) ganhou 1-0 ao PSV campeão europeu de clubes que ganhou ao Benfica e Ronald Koeman perdeu para o irmão a Supertaça Europeia. Atualmente, são ambos treinadores.



As duplas (pelo menos) famosas – com jogadores dos mais famosos mesmo – da história do futebol abundam e vão dos irmãos que fizeram a carreira defendendo clubes arqui-rivais como Giuseppe Baresi no Inter de Milão e Franco Baresi no Milan. Ou como os que brilharam na mesma seleção como Michael e Brian Laudrup. Ou como como os que foram mesmo campeões mundiais: como Jack e Bobby Charlston pela Inglaterra .

Aliás, esse Mundial 1966 marcou o regresso de duplas de irmãos aos Campeonatos do Mundo, pois tinha havido um interregno nesse aspeto em 1962. Menos do que um interregno, melhor dizendo: uma exceção. De facto, o Mundial do Chile foi o único que não teve irmãos na mesma seleção.

Desde a primeira edição que assim foi, com os irmãos argentinos Juan e Mario Evaristo. E nesse mesmo Mundial do Uruguai (1930), a seleção do México levou duas duplas de irmãos, o que o Haiti (1974) e os Emirados Árabes Unidos também já fizeram (1990). As Honduras chegaram a levar a tripla Johnny, Jerry e Wilson Palacios ao Mundial 2010. E a dupla holandesa dos irmãos De Boer não só fez uma carreira em vários clubes lado a lado. Frank e Ronald estiveram em dois Campoenatos do Mundo: 1994 e 1998.