Roberto Donadoni, novo seleccionador italiano, desvalorizou esta terça-feira a pressão de comandar a selecção campeã do mundo. Donadoni, antigo jogador do Milan, foi nomeado para o cargo na última quinta-feira, sucedendo a Marcello Lippi apenas alguns dias depois de este ter conduzido a squadra azzurra ao título mundial na Alemanha.
«A responsabilidade que vou ter será ainda maior depois do título mas é melhor começar como Campeão do Mundo do que sem nada. A pressão faz parte desta profissão e sabia disso quando decidi ser treinador. É uma honra tomar conta de uma equipa vencedora e vou fazer o meu melhor para a conduzir a novos sucessos», disse Donadoni.
Numa altura muito conturbada no futebol italiano, com o conhecimento das decisões relativas ao mega-processo do «calciocaos», Donadoni espera que os recursos apresentados pelos clubes envolvidos [Milan, Juventus, Lazio e Fiorentina] conheçam uma decisão definitiva rapidamente, para que todos possam «olhar apenas para a frente».
Outro dos motivos que preocupa o novo seleccionador é a possível debandada de jogadores dessas quatro equipas rumo ao estrangeiro. «Se os jogadores decidirem mudar-se para o estrangeiro pode complicar as coisas ligeiramente, mas ainda assim todos estarão a representar grandes clubes». Recorde-se que 12 dos 23 convocados da Itália para o Campeonato do Mundo pertenciam aos clubes implicados no «calciocaos».
Donadoni estreia-se no banco da squadra azzurra no dia 16 de Agosto, num amigável frente à Croácia. Segue-se a fase de qualificação para o Euro 2008, onde logo na segunda jornada a Itália mede forças com a França, numa reedição da final do Campeonato do Mundo. O técnico reconhece a importância dos primeiros jogos mas desvaloriza qualquer repercussão do incidente da final de Berlim entre Zidane e Materazzi:
«Os primeiros jogos são importantes e vão ajudar a esclarecer as coisas. Os factores externos não podem ter influência quando entramos em campo. Esse episódio [entre Zidane e Materazzi] não dignificou ninguém, mas também lhe foi dada maior proporção do que a devida. Apenas Zidane e Materazzi sabem o que se passou. Se Zidane reagiu daquela forma é porque terá havido uma provocação. Mas eu também era provocado quando jogava e aquela reacção foi lamentável, especialmente num jogador do calibre de Zidane», afirmou.