A sua revista digitalUm confronto de fazer inveja e com direito a entrada nos guias turísticos da região. Os dois clubes estão separados por um ponto e o Venezia quer vingar a derrota da primeira volta no Giuseppe Sinigaglia (2-0).
É apenas um jogo de futebol, claro. Mas quem visitou o Estádio do Restelo, por exemplo, não esquece a bela vista sobre o Tejo.
Entrar num recinto com uma envolência diferente serve como garantia para horas bem passadas. Portanto, assistir a um jogo ao lado de um canal de Veneza ou a escassos metros do lago de Como terá a sua dose de encanto.
Nesta quarta-feira, por exemplo, Leo Messi juntou-se a uma galeria de figuras notáveis com residência luxuosa nas margens do Como. Quando andar por lá, poderá cruzar-se com David Beckham ou George Clooney, entre outros.
As estrelas compram mansões junto a Porto Ceresio e ficam a cerca de trinta quilómetros do Estádio Giuseppe Sinigaglia, a atraente casa do Calcio Como.
O clube foi fundado em 1907 e teve algumas passagens pela Serie A de Itália, a última das quais em 2002/03. Entretanto, caiu a pique e passou por extremas dificuldades financeiras. Nesta altura, está no terceiro escalão do futebol transalpino.
A equipa do lago prepara a peculiar visita a Veneza. Seguirá de autocarro, não de barco, mas será curioso perceber como fará a travessia para a ilha de Sant’Elena.
O Unione Venezia jogará em casa e procurará recuperar as tardes de glória no velinho Pierluigi Penzo. O clube subsiste desde 1907 e o estádio tem praticamente a mesma idade: foi inaugurado em 1913.
Durante várias décadas, a cidade dos canais apoiava o Venezia Football Club, com o ponto alto a girar em torno da conquista da Taça de Itália em 1941. Nos anos 90, o clube mudou pela primeira vez de nome, passando a ser conhecido como Associazione Calcio Venezia 1907.
Seguiu-se um período de tremenda indefinição. Em 2002, a despedida da Serie A marcou o início do declínio, com o presidente Maurizio Zamparini a bater com a porta face à impossibilidade de construir um novo recinto. Zamparini mudou-se para o Palermo e levou com ele vários jogadores.
Em 2005, a primeira falência declarada. O clube voltou rapidamente como Società Sportiva Calcio Venezia mas resistiu durante apenas quatro anos, até nova bancarrota.
Surge então o Football Club Unione Venezia, começando uma vez mais no escalão mais baixo do futebol transalpino. Nesta altura,o clube é gerido por um político russo, Yuri Korablin, antigo presidente da câmara de Khimki.
Korablin, proprietário do Venezia desde 2011, procura conquistar o carinho dos adeptos e, nos últimos dias, fez questão de demonstrar que é um apaixonado por futebol, partilhando algumas fotografias de jogos disputados nos tempos livres em solo russo.
O grande desafio de Yuri Korablin passa pela aprovação do projeto para um novo estádio. O Pierluigi Penzo é o segundo recinto mais antigo do futebol profissional italiano e tem condições mínimas de segurança.
Contrastando com o encanto incomparável de Veneza, o estádio vai atingindo o seu prazo de validade e tem sido alvo de várias – mas insuficientes – remodelações ao longo da história.
Em 1966, o recinto chegou a acolher 26 mil pessoas, mas o desgaste natural e dois tornados na região provocaram danos irreparáveis e, nesta altura, o Pierluigi Penzo tem apenas capacidade para pouco mais de sete mil adeptos.
Yuri Korablin já divulgou o projeto para a nova casa da Unione Venezia mas tem de superar vários obstáculos burocréticos. «Não tenho a certeza se a cidade quer este novo estádio. Sei que os adeptos querem, mas aqueles que decidem podem estar muito ocupados com as próximas eleições», disse o russo no início do ano.
A resposta não se fez esperar. «Estamos em Itália. Têm de ser respeitados os prazos e as leis italianas. Até surgir a luz verde em relação à compatibilidade urbana não há nada a fazer», salientou o deputado Sandro Simionato. O futuro é incerto.
Por agora, o Pierluigi Penzo cumpre o seu desígnio e vai abrir portas para a receção ao Calcio Como. Quem vencerá? A equipa dos canais ou a equipa do lago?
