Gianluigi Buffon deu uma longa entrevista à «Marca» depois da derrota da seleção italiana frente à Espanha, no Santiago Bernabéu. Entre muitas outras coisas, o guarda-redes falou sobre a mudança de mentalidade no futebol, a saída de Iker Casillas do Real Madrid e o futuro com as «botas penduradas». E confirmou uma coisa: é, realmente, uma personalidade especial no mundo do desporto rei.

«Estou há muitos anos na Juve porque gosto do sentimento de pertença, por isso é que também estive 10 anos no Parma e agora estou há 17 na Juve. Gosto de trabalhar com um grupo de pessoas de confiança, com quem me dê bem e com quem conviva. No final sentes-te parte integrante desse contexto e decidi permanecer sempre nele», começou por dizer o internacional italiano.

«Perdeu-se esse sentimento de pertença no futebol. Foi dominado pelo negócio. O futebol pode ser algo bonito para quem vê e para quem pratica. Para mim, estar todos estes anos no Parma e na Juventus é algo gratificante, belo, porque nesses momentos podes sentir esse tipo de ligação com toda a gente», acrescentou.

O jogador de 39 anos falou depois sobre a supremacia da Juventus no futebol italiano: «A Juventus manteve-se ao nível das melhores equipas da Europa porque soube ter um quadro dirigente de primeiro nível, soube olhar para a frente, construir no presente mas sempre a pensar no futuro. Por isso é que a Juve continua a levar o nome da Itália bem alto.»

A amizade de Buffon com Iker Casillas é conhecida por todos e o italiano revelou que ficou triste aquando da saída do colega espanhol do Real Madrid para o FC Porto: «Não entendi a saída do Iker porque não conheço o mundo do Real Madrid, nem a dinâmica nem o que vinha de trás, mas é normal que tenha ficado triste por ver o Iker a sair para outra equipa.»

Com mais de 20 anos de carreira, o capitão dos «bianconeri» defrontou muitos rivais ao longo da carreira, mas é Ronaldo «Fenómeno» quem mais se destaca, o «protótipo de jogador perfeito». «Tinha velocidade, intuição, técnica, rapidez, era um jogador que te deixava de boca aberta. Parecia criado num laboratório. Não podias pensar que um ser humano tinha todos esses dons», atirou.

O final de carreira aproxima-se, mas Buffon assume que não tem medo de uma vida sem o futebol: «Não tenho medo porque amo a vida. Por isso, não posso ter medo de fechar um parêntesis. Devo muito ao futebol porque me permitiu viver emoções incríveis e penso que esse é o único valor inestimável que esta vida te dá: sentir determinadas emoções em certos jogos, em certos estádios.»

«Como acho que vai ser o meu primeiro dia sem futebol? O bom é que será Verão e vou ter umas boas férias», rematou, confirmando o que o «mundo da bola» já sabe há muito: Buffon é um romântico da vida e fará falta ao futebol. Até lá, disfrutemos.