Dois portugueses de 24 anos a lutar por um futuro melhor na Cróacia. Ivo Pinto e Ruben Lima ajudaram o Dínamo de Zagreb a conquistar o nono título consecutivo. São, portanto, eneacampeões. Nessa condição, querem continuar a bater à porta da seleção nacional.

Ivo Pinto fala com o Maisfutebol após a celebração mas não esquece o seu compatriota. «Tanto eu como o Ruben Lima temos o direito de sonhar com a seleção. Estamos no melhor clube croata e representámos as seleções jovens de Portugal. Portanto, os nossos nomes estão na Federação. É uma porta estreita mas queremos entrar.»

O Mundial de 2014 está aí e o lateral direito sabe que essa possibilidade é ínfima. Mas seja amanhã ou daqui a uns meses, no arranque do apuramento para o Euro2016, Ivo quer chegar lá. «Espero chegar o mais rápido possível, mas não seria racional pensar ainda no Mundial, não tendo sido chamado no apuramento. Mas seja quando for, vamos lutar por isso, eu e o Ruben.»

Ruben Lima chegou à Croácia em 2011 (dois anos no Hadjuk Split antes de chegar ao Dínamo), Ivo Pinto emigrou mais tarde e passou pelo CFR Cluj da Roménia e aterrou em Zagreb no início da temporada.

A falta de oportunidades nos maiores clubes portugueses é outra coisa a unir os dois jogadores. O lateral esquerdo esteve vinculado ao Benfica mas não conseguiu melhor que dois encontros como suplente não utilizado, em 2007/08. No ano seguinte, Ivo Pinto jogou meia dúzia de minutos de um Sporting-FC Porto para a Taça da Liga.

«Fica a mágoa mas o futebol é assim, vive muitos de transferências. Apostam nos jovens estrangeiros mas não nos portugueses. Ao meu lado jogavam Josué, Diogo Viana, Jorge Chula e outros. O Josué felizmente teve a oportunidade de voltar e chegou à seleção, mas comigo não aconteceu», reconhece o defesa.

O Sporting tem sido um bom exemplo no aproveitamento das camadas jovens, ao contrário de Benfica e FC Porto. «O Sporting, também pela crise, demonstrou que é possível ter sucesso com muitos jogadores portugueses. O Benfica e o Porto também têm valores nas camadas jovens. Se dessem oportunidades mais fortes aos seus valores…»



O título obrigatório que não é festejado nas ruas

O Dínamo de Zagreb tem catorze pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o HNK Rijeka. Será esse o adversário no final da Taça da Cróacia, a 6 e 13 de maio. Conquistar a ‘dobradinha’ teria um impacto mais profundo, já que o campeonato passou a ser habitual.

«Por aqui já é visto com normalidade. Não é tão festejado como o Benfica festejou em Portugal, por exemplo. Mas para mim e para o Ruben foi o primeiro campeonato, portanto vai ficar marcado para sempre nas nossas vidas. Se calhar, até festejámos mais que os outros jogadores.»

Ivo Pinto e Ruben Lima não foram, por exemplo, ao centro da cidade. «O clube já teve essa tradição mas agora os adeptos também estão habituados, o título é quase obrigatório, portanto não há tantos festejos. É uma celebração entre jogadores, staff e diretores, entre as nossas paredes.»

As emoções mais fortes estão reservadas para os clássicos do futebol croata. Os jogos com o Hadjuk Split, atual terceiro classificado, são vividos de forma especial. «Sobretudo em Split», frisa Ivo, explicando: «No nosso estádio é diferente, até porque a claque do Dínamo e o presidente estão zangados, portanto não há tanto apoio nos jogos em casa.»

«Em Split é uma loucura, um policiamento ao nível de um FC Porto-Benfica. Os adeptos são apaixonados e criam um ambiente incrível. Adorei disputar esses jogos», garante o lateral direito.

Ivo Pinto contabiliza nesta altura 39 jogos pelo Dínamo de Zagreb, entre campeonato, Taça, qualificação para a Liga dos Campeões e Liga Europa. Ruben Lima tem 24 jogos.

«Joguei quase sempre mas como há liderança forte na Liga croata, também há maior rotatividade na equipa. De qualquer forma, o saldo é muito positivo. Agora quero terminar a época e em princípio voltar a 10 de julho para o arranque da próxima temporada. Começamos cedo porque temos de disputar três eliminatórias para chegar à fase de grupos da Champions.»

O lateral direito português não esconde a sua satisfação pela aventura no Dínamo de Zagreb. «Era difícil estar mais satisfeito. Sinto-me adaptado, a jogar, a ganhar títulos, e não esqueço a importância do Ruben Lima na adaptação. Sobretudo dele mas também do Soudani (ex-V. Guimarães) e do Cop (ex-Nacional)», remata Ivo Pinto.

Ao longo da presente temporada, Ivo Pinto foi participando no projeto Crónicas Made in Portugal, relatando a sua experiência na Croácia. Pode ler os textos do defesa português AQUI.