«Tenho saudades do F.C. Porto.» A confissão de Jankauskas, em bom português, como foi, aliás, toda a conversa com o Maisfutebol, não espanta. De dragão ao peito tocou o céu e, agora nos Estados Unidos, não esquece os momentos de glória vividos: «Passei dois anos muito felizes, com muitas vitórias. Foram os meus melhores anos no futebol. Tínhamos uma equipa muito forte, marcámos uma era.»

O lituano mais famoso da história do futebol português alinha no New England Revolution, numa Liga com «um nível muito mais baixo» do que as Ligas europeias, mas onde diz ser difícil jogar. «Eles aqui dão muita porrada», lamenta, em tom de brincadeira. O certo é que, nesta altura, Jankauskas encontra-se parado por lesão e, por isso, não está totalmente feliz. «Se um jogador não joga não pode dizer que está bem», lembra.

«Mourinho fazia em vinte minutos o que Jesus demora duas horas»

À boleia da lesão actual, aproveitámos para recordar uma outra, mais famosa. O F.C. Porto ia jogar a final da Taça UEFA, frente ao Celtic, e Hélder Postiga, habitual titular, estava castigado. O lugar era de Jankauskas. Não foi. «Foi o golpe mais duro da minha carreira. Eu sabia que ia ser titular naquele jogo, estava a treinar bem e no último minuto do último treino, torci o tornozelo naquele relvado cheio de buracos e tive de ficar de fora. Passei uma noite com o departamento médico. Tentámos tudo mas não conseguia sequer meter o pé no chão. Foi uma desilusão muito grande», lamenta.

«Um golo a 30 metros é um golo de sorte»

No F.C. Porto nunca foi titular indiscutível. Mas o estatuto de suplente nunca o afectou, até porque lembra que «não era fácil entrar naquele onze». Contudo, não raras vezes, Jankauskas era a arma de arremesso de José Mourinho, a «gazua» para desencravar partidas mais complicadas. «Eu não era o 12º jogador como se dizia, esse era o público que era fantástico. Mas é verdade que tive a sorte de resolver alguns jogos. Aliás, prefiro marcar um golo que decida um jogo do que um golo bonito. Marquei um ao Boavista que decidiu o derby, por exemplo, e uma vez ao P. Ferreira marquei nos descontos um golo a meias entre o peito e o braço. Esses são mais saborosos», atira.

Apesar de preferir os golos decisivos, não se pode dizer que não tenha queda para aqueles que levantam estádios. Sobre ele disse-se muitas vezes que era alto, loiro, mas nada tosco. Nos EUA, por exemplo, um golo de Jankauskas esteve nomeado para o melhor golo do ano. Acabou por ficar no terceiro lugar. Em Portugal também deixou obras de arte.

«O mais bonito que marquei foi ao Sp. Braga, nas meias-finais da Taça. Mas esses são golos de sorte. Se calhar, posso voltar a tentar 50 vezes e não sei se volto a acertar. Eu prefiro marcar golos com jogadas colectivas. Cinco seis passes e marcas golo. Golos a 30, 35 metros são golos de sorte», afirma.

3º lugar no «Golo do Ano» nos EUA:



O melhor golo em Portugal, segundo Jankauskas: