O jantar do 103º aniversário do Comité Olímpico de Portugal (COP) terminou com críticas do presidente do organismo ao discurso do secretário de Estado da Juventude e Desporto. Vicente de Moura diz que ficou «indignado» com as palavras de Alexandre Mestre, que refutou críticas recentes do dirigente olímpico e defendeu a ação do Governo, nomeadamente na preparação olímpica.

«Foram completamente inoportunas, isto é um jantar, uma festa, eu fiz a despedida do trabalho que fiz ao longo de 15 anos, que me orgulho, e o discurso do senhor secretário de Estado é completamente desinserido. Aproveitou para fazer uma súmula das ações do Governo, algumas positivas, mas outras inconsequentes. Agora vê-se bem que navega mesmo à vista», afirmou Vicente Moura, citado pela Lusa.

O evento decorreu depois de Vicente de Moura, que vai deixar o COP em março, ter deixado nos últimos dias críticas à forma como o Estado lida com a preparação olímpica.

Alexandre Mestre responde às acusações: «O Governo não tem de estar incomodado com críticas, o Governo tem de estar determinado em continuar a trabalhar.» E defende que o seu discurso, dito «perante as pessoas e olhos nos olhos», decorre da obrigação do Governo de prestar contas da sua atividade: «Até porque, muito recentemente e para grande surpresa do Governo, depois de um ano e meio de intenso esforço, articulação e empenhamento, para criar o melhor relação possível com o COP, foi afirmado pelo senhor presidente que este Governo navegava à vista, que não tinha qualquer direção e que se tinham perdido as ilusões quanto a este Governo.»

O secretário de Estado argumenta depois com as ações do Governo, falando, segundo cita a Lusa, no pagamento «a tempo e horas» das verbas para prémios, preparação e para a missão olímpica, apoio a iniciativas da Comissão de Atletas Olímpicos, criação do seguro do praticante de Alto Rendimento, intervenção junto das Finanças para desbloquear verbas para o judo e para o atletismo, e a «defesa intransigente para que o Tribunal Arbitral de Desporto se situe no âmbito do COP».

Vicente de Moura insiste que Mestre fez «um discurso propagandístico» e insiste nas críticas ao atual titular da pasta: «Eu fico a pensar que disse que conheci muitos ministros e muitos secretários de Estado, uns que gostei bastante e outros apenas gostei, eu tenho de dizer que deste eu apenas desgosto», frisou Vicente Moura. Lamento que este ato quase final tenha terminado assim, de facto estou indignado porque não merecia isto. Eu acho que o senhor secretário de Estado do Desporto e Juventude é um bom jurista e acho que devia voltar à sua profissão, deixando o Desporto às pessoas que o amam, que o conhecem e que são capazes de encarar com ¿fair-play¿ as críticas e contrariedades da vida.»

Por fim, o dirigente do COP diz que Mestre nem sequer é responsável pelos problemas da política desportiva em Portugal: «Ele não pode ter essas dores, ele não é o Estado, está há ano e meio no Governo e não tem culpas do passado, nem de não haver uma política desportiva digna desse nome em Portugal, portanto não devia assumir essa dor interna como se tivesse sido criticado pessoalmente. Por mim, declaro encerrado este incidente, que será mais um na história do COP, indelevelmente marcado por um discurso inadequado do secretário de Estado do Desporto e Juventude.»