Quando Javier Zanetti chegou ao Inter Milão, alguns dos leitores deste artigo ainda não eram muito provavelmente nascidos: aconteceu em 1995, quando o clube italiano o foi buscar ao Banfield numa altura em que era pouco mais do que um desconhecido.

Já tinha sido chamado à seleção argentina, sim, mas chegava de um clube pequeno e era apenas um jovem de 22 anos.

Por isso quando chegou era para ser emprestado e ficou estabelecido no contrato que seria dele o direito de escolher o clube do futebol italiano, entre os que o quisessem, claro, ao qual seria cedido.

Nesta altura será desnecessário dizer que desde que entrou nunca mais saiu: logo na pré-época ganhou a titularidade e acabou por cumprir 39 jogos durante toda a temporada.

Foi há dezoito anos que pela primeira vez vestiu a camisola do Inter e desde então já jogou mais de 800 jogos, tornando-se o jogador com mais encontros com a camisola do Inter e tendo até ultrapassado o mítico Giuseppe Bergomi.

Ganhou catorze títulos pelo clube, entre eles uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA e um Mundial de clubes. Já fez mais de mil jogos oficialmente, e ameaça não ficar por aqui.

O início da carreira, esse, foi difícil: Zanetti foi dispensado do Independiente, que não lhe viu qualidades para ser um jogador profissional. Na passagem para sénior esteve por isso para acabar a carreira, mas os familiares convenceram-no a tentar a sorte no Talleres de Cordoba, da II Liga. Ficou e no ano seguinte foi comprado pelo Banfield, que tinha subido à primeira divisão.

Tudo isso foi há mais de vinte anos: Zanetti começou por ser trinco, passou depois por lateral direito e até por lateral esquerdo. É um líder dentro de campo, um jogador rigoroso, um homem de fibra. Por isso, e à exceção de Pekerman no Mundial 2006 e Maradona no Mundial 2010, nenhum treinador parecer querer abdicar dele.

É também o jogador mais jogos na seleção argentina (145), seguido bem ao longe pelo já retirado Roberto Ayala (135 jogos).

Curiosamente só esteve em dois mundiais: França em 1998 e Coreia/Japão em 2002.

O Mundial do próximo ano, no Brasil, poderia tornar-se o terceiro: Zanetti ainda não se retirou da seleção e continua a ser elegível.

Por fim, e para terminar, há uma curiosidade que diz tudo sobre Zanetti: quando chegou ao Inter em 1995, fê-lo acompanhado de Sebastian Rambert: um avançado um ano mais novo do que Zanetti e que chegava do grande Indepediente. Rambert fez apenas um ano no Inter, foi depois transferido para o Saragoça e encerrou a carreira... há dez anos.

Zanetti, esse, tornou-se uma figura do futebol. Mantém as capacidades físicas quase intactas e é no fundo um quarentão com espírito jovem.