Jesualdo Ferreira anunciou, numa entrevista à SIC Notícias, que está preparado para fazer «um F.C. Porto mais forte» do que conquistou o título esta temporada. O treinador destacou as dificuldades que sentiu em preparar uma equipa a quatro dias do início do campeonato, com a obrigação de ganhar todos os jogos.
Um título que ao intervalo da última jornada chegou a estar ameaçado pelo Sporting. «São circunstâncias que não são fáceis de adjectivar. Não senti da parte de nenhum jogador, muito menos da minha parte, de que o Porto não seria campeão. Sentimos que o Porto tinha respondido muito bem na primeira parte. O golo do Aves não me pareceu que tivesse perturbado a equipa. Ao intervalo pedi apenas um pouquinho mais de intensidade e de esforço e que, acima de tudo, confiassem nas suas capacidades», contou.
Mais difícil, para Jesualdo, foi a entrada de rompante no F.C. Porto, quando faltavam apenas quatro dias para o início do campeonato. «A minha entrada no Porto não foi normal. Entrar a quatro dias do início do campeonato, só mesmo no F.C. Porto. Não é normal entrar e ser obrigado a ganhar sempre. Encontrei um clima que não era de todo favorável para se lançar as bases da equipa. Era um clima de conhecimento entre treinadores e jogadores. Entrei e, em pouco tempo, fiz um curso acelerado para conhecer tudo», recordou.
O técnico herdou a equipa de Co Adriaanse, mas a verdade é que até ao final da primeira volta sofreu apenas duas derrotas. «Herdei uma equipa que era do Porto e não do senhor Adriaanse. O que encontrei foi uma equipa campeã que tinha feito um bom trajecto. Em 21 jogos perdemos duas vezes, uma com o Arsenal e outra em Braga. Os jogadores foram capazes de apanhar, com alguma facilidade, aquilo que se pretendia», acrescentou.
«Perdemos na Taça porque fomos incompetentes»
O treinador admite que também passou por momentos negativos, mas faz um balanço positivo da época. «Foram três ou quatro situações que deixaram as pessoas um pouquinho mais incomodadas. Mas a grande verdade é que o Porto foi campeão, foi aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e perdeu a Taça que tinha ganho no ano anterior», referiu, acrescentando que, pelo meio, conseguiu ainda valorizar os seus jogadores. «O Porto acabou a época com cinco jogadores na Selecção Nacional, o que já não acontecia há algum tempo. É um quadro de situações positivas que para muita gente pareceu pouco relevante, mas que para nós foi importante».
Entre os momentos maus, o técnico destaca a eliminação da Taça de Portugal frente ao Atlético, reconhecendo que «os jogadores que jogaram tinham a obrigação de ganhar, perdemos porque fomos incompetentes». O técnico diz que também ficou «preocupado» com as arbitragens dos jogos em Leiria e na Luz e, sem querer falar muito na arbitragem, acabou por dizer que houve nomeações que não entendeu.
Na Liga dos Campeões, o F.C. Porto voltou a chegar aos oitavos-de-final, onde acabou por ser eliminado pelo Chelsea de Mourinho. «O Chelsea foi mais forte do que nós. O F.C. Porto foi melhor na primeira parte do Dragão e na segunda parte em Londres. A verdade é que tivemos a eliminatória empatada até dez minutos do fim. O F.C. Porto foi capaz, mesmo na fase má, de igualar o Chelsea», comentou.
Quanto à nova temporada, o técnico diz que não está preparado para perder ninguém e que quer construí um F.C. Porto ainda mais forte. «Não sei quantos é que vão sair ou quantos é que vão entrar, não vou falar nisso na praça pública. É natural que grande parte dos jogadores tenha mercado porque fizeram uma boa época, foram capazes de chegar a patamares bons. Não estou preparado para perder ninguém, estou preparado para fazer um Porto mais forte do que este», referiu.