E o final foi feliz. A contagem decrescente para Londres 2012 foi iniciada, encerrados que estão os Jogos de Pequim e que, muito antes de começarem, temia-se que fossem os mais polémicos dos últimos anos. O conflito com o Tibete antecipou o cenário, as manifestações públicas de solidariedade agudizaram a crise, mas a China não se deixou intimidar e conseguiu, mesmo sob protestos, levar a tocha ao ponto de partida, o magnífico Estádio Nacional, também conhecido por ninho de pássaro.
Pequim mostrou ao mundo uma organização implacável, visível também em competição, onde arrebatou o maior número de medalhas de ouro. A aposta revelou-se acertada para o Comité Olímpico Internacional, as expectativas foram superadas a todos os níveis e Londres terá muito trabalho (e imaginação) pela frente para tornar inesquecível a 30ª edição dos Jogos, a terceira na capital inglesa.
À fabulosa cerimónia de abertura a que 90 mil adeptos tiveram o privilégio de assistir in loco, e que apenas meia dúzia no globo não acompanharam em directo pelo pequeno ecrã, seguiu-se este domingo, 16 dias depois, um encerramento igualmente maravilhoso com a transição para Londres.
Vanessa Fernandes, medalha de prata, substituiu um Nelson Évora de ouro na despedida dos países participantes, mas desta feita sem a comitiva portuguesa atrás, já que os restantes atletas (cerca de cinco mil deixaram Pequim antes da festa final) entraram depois de os porta-estandartes formarem um círculo no centro do terreno.
E se dúvidas houvesse quanto ao próximo destino das Olimpíadas, um autocarro vermelho de dois andares, a estrela do futebol David Beckham, a cantora pop Leona Lewis e o fundador dos Led Zeppelin, Jimmy Page, todos ao ritmo de «Whole lotta love [Com imenso amor]», o primeiro êxito do grupo inglês, tornaram tudo muito mais claro.
Não sendo o futebol uma modalidade de eleição na maior competição do globo, foi curioso e notório o interesse na marca David Beckham, que, do cimo do autocarro, deu, literalmente, o pontapé de saída para a próxima aventura olímpica, que ainda deu para uns empurrões no relvado, com dois atletas chineses a abalroarem quem estava à sua volta para poderem agarrar na bola que por ali andava. Tudo por amor.