A polémica em torno da desistência da velejadora luso-brasileira Carolina Borges continua. Depois de a atleta ter dado uma entrevista ao jornal «A Bola», em que diz que está grávida de três meses, não teria qualquer tipo de apoio durante a regata e ficou com medo, a Chefia da Missão Portuguesa respondeu em comunicado para «repor a verdade dos factos».

A missão diz que «é uma total surpresa» o facto de Carolina Borges estar grávida porque «como a própria reconhece na entrevista», nunca comunicou a gravidez aos responsáveis nacionais. «Concluímos em face das suas declarações que a atleta omitiu deliberadamente a sua situação, dado que em nenhum momento nos comunicou a hipotética gravidez que agora declara. Ao contrário do que afirma também, a atleta está obrigada pelo contrato assinado a reportar toda a situação clínica, o que nunca fez», diz o comunicado.

«A sua capacidade ou incapacidade para competir terá de ser avaliada pelo departamento médico da Missão Portuguesa, sendo esta a única entidade com competência para tal parecer», frisa.

A chefia da missão diz ainda que não recebeu «qualquer justificação [para a desistência da atleta] para além de um e-mail telegráfico que alegava questões médicas e pessoais». Afirma ainda que «procurou contactá-la e saber o que se passava», mas «sem sucesso, como referido ontem, e de forma propositada, como se percebe agora pelo facto de ter tido disponibilidade para falar com a jornalista que assina o artigo, mas não com os responsáveis da missão». Mas em entrevista à agência Lusa, a atleta garante que não esteve incontactável, nem houve tentativa de falarem com ela.

O comunicado adianta que Carolina Borges «esta manhã atendeu pela primeira vez o telemóvel, mas quando o Chefe de Missão se identificou, a atleta desligou de imediato a chamada sem dizer mais nenhuma palavra».

«Quanto ao facto de não ter treinador, é falso. O enquadramento técnico da Vela é da responsabilidade exclusiva da Federação Portuguesa de Vela, sendo que o faz, por classes e não por atletas. Pelo que há um treinador responsável por essa classe», assegura o comunicado.

Carolina Borges queixa-se ainda de nunca ter recebido um tostão: «Sempre me disseram que as coisas eram burocráticas em Portugal,mas não sabia que eram tanto!», afirmou na entrevista. O comunicado diz que essa alegação «também é falsa. Houve um atraso no pagamento da mesma, mas exclusivamente devido a erro da atleta na entrega dos dados bancários para a transferência», explicam os responsáveis, garantindo que «no dia 4 de Julho se regularizou a situação, tendo sido feito o pagamento do último mês no dia 27 de Julho».

«Dado ser óbvio o incumprimento da atleta, a incongruência do seu discurso, e a omissão deliberada da gravidez que agora declarou, sem que nada possa apontar à Missão Olímpica Portuguesa aos Jogos de Londres 2012, nem ao Comité Olímpico de Portugal, esta é a última posição que tomaremos sobre este assunto pois não vamos transformar a participação de Portugal dos Jogos Olímpicos Londres 2012 numa novela paralela que nada tem a ver com Desporto nem com os valores da Carta Olímpica», adianta o comunicado.

«Estamos aqui para competir e dar o nosso melhor, dignificando o país através do esforço e trabalho que os 76 atletas da comitiva portuguesa sempre demonstraram ao longo de quatro anos, sem que lhes possa ser apontado o dedo nesse compromisso».