«Meu parceiro, desculpa, mas se puder vou ter de te marcar um golo no sábado.»

O parceiro é Helton e o remetente da mensagem chama-se João da Silva. Joga no Limianos, é brasileiro e «um grande amigo» do guarda-redes do F.C. Porto. Tão amigo que até já viveu na casa do «parceiro». Agora, obra do destino, vai tentar o «quase impossível»: colocar a bola no fundo das redes portistas.

«Eu sou de Minas Gerais, mas conheci o Helton e a família no Rio de Janeiro. Tornámo-nos amigos, verdadeiros irmãos, e quando cheguei a Portugal ele acolheu-me no seu lar. Aliás, foi o Helton a dizer-me que o Limianos ia jogar ao Estádio do Dragão. Nem queria acreditar», conta João da Silva ao Maisfutebol, a 48 horas do mais importante jogo da sua vida.

«Vai ser especial, muito especial. O Helton tem andado meio ocupado e nem sei se ele jogará. Se jogar, vamos estar cada um do seu lado, sempre com a noção do profissionalismo acima de tudo.»

E emprego, arranja-se? «Cabeça vazia é a oficina do diabo»
João da Silva procura emprego. O Limianos só treina às 19h30 e há muitas horas para preencher. «Cabeça vazia é a oficina do diabo», explica ao nosso jornal, socorrendo-se de um velho provérbio brasileiro que explica tudo.

«Gosto de Ponte de Lima, mas já pedi ao presidente do clube para me ajudar. Para já passo as horas no café onde trabalha o meu colega Vinicius e a fazer uns recados ao meu pai pela internet. No Alentejo era pior», desabafa o jovem avançado, de apenas 20 anos. Sim, João passou do Alentejo ao Minho, de um Portugal a outro.

«Joguei no Eléctrico de Ponte de Sôr. Não sei porquê, mas as pessoas lá têm muita cisma com os de fora. Era estranho. Ainda por cima o frio era ainda mais frio e o calor era ainda mais calor. No Minho é tudo mais equilibrado.»

A loucura em Londres: «Se puder, volto»

Nasceu em Minas Gerais, jogou nove anos no América Mineiro e foi para o Rio de Janeiro. Embarcou para Inglaterra, aos cuidados do padrinho, e jogou uma época no Croydon Athletic, uma equipa dos distritais de Londres. Depois, o regresso às raízes ao serviço do Araxá Esporte Clube e, finalmente, Portugal.

«O meu grande objectivo sempre foi jogar e viver em Inglaterra. Adoro o país. Se tiver uma oportunidade, regresso. Londres é uma loucura. Mas, na verdade, agora só penso no jogo contra o Porto.»

Amigos, amigos, futebol à parte. O parceiro que se cuide.

Chama-se Baía, é guarda-redes e... manobra armas!

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