João Moreira foi parar ao Sultunato do Brunei. Sabe exatamente onde fica? Ele também não sabia, naturalmente. O avançado português de 27 anos representa atualmente o Duli Pengiran Muda Mahkota F.C. (DPMM) e é uma figura temida em Singapura.

O DPMM começou por jogar no campeonato do Brunei, decidiu alargar horizontes com a entrada no campeonato da Malásia (a nação que rodeia o sultunato) e passou em 2009 para a S. League de Singapura. São 1.200 quilómetros de distância e viagens regulares de avião.

Em dezembro de 2012, João Moreira abraçou o desafio e não estranha o inusitado cenário. «Realmente, não fazia a mínima ideia de onde isto ficava. Sabia que o Brunei era na Ásia, mas não sabia ao certo. Mas estou a gostar bastante. A vida é muito traquila, as pessoas são muito carinhosas.»

«O futebol local está em crescimento e o DPMM é uma equipa forte no campeonato de Singapura, onde está há alguns anos, campeonato esse que tem alguma qualidade», explica o português em entrevista ao Maisfutebol.

Um príncipe que passou pela baliza

O Príncipe Al-Muhtadee Billah, apontado como futuro sultão do Brunei, é o proprietário do clube que chegou a representar como guarda-redes. João Moreira já conheceu os elementos da família real e foi-se adaptando ao novo estilo de vida.

«Já conheci a família real e são todos muito amáveis. A vida é boa e estou a morar num apartamento típico do Brunei. Em termos desportivos, tenho feito golos, já marquei onze, e isso é importante. Aqui, eles olham para os estrangeiros como figuras mas não me considero como tal, só quero ajudar», frisa.

O avançado vive no Sultunato e o DPMM recebe as equipas de Singapura no Estádio Nacional Hassanal Bolkiah. As deslocações implicam sempre uma viagem de avião de duas horas para cada lado.

«As coisas decorrem corretamente, sem complicações, mas nota-se o facto de sermos uma equipa de fora, do Brunei. Os árbitros, muitas vezes, complicam a nossa missão mas conseguimos dar a volta a isso. As viagens são tranquilas, fiquei até surpreendido por ser tudo tão civilizado. Pensei que fosse uma confusão como se vê nos filmes asiáticos», explica João Moreira, bem disposto.

Sem stress nem ponta de trânsito

Singapura tem uma atividade económica e portuária intensa. No Sultunato do Brunei, por outro lado, a vida corre devagar. «No dia a dia, não há stress nem trânsito. Não há mesmo trânsito, nada! De resto, sofri com o calor quando cheguei e demorei algum tempo a adaptar-me.»

O avançado conquistou o seu espaço e o respeito dos habitantes do Brunei. Recentemente, completou um hat-trick na visita ao Tanjong Pagar, acrescentando mais alguns argumentos ao seu cartão de visita. João, Carvalho, Moreira, o nome gera alguma confusão mas todos vão conhecendo o português.

«Conseguem dizer o meu nome mas é uma confusão. Uns chamam-me João, outros Carvalho, outros Moreira. Isto na minha equipa. Já o povo de Brunei também complica mas muito tratam-me por Moreira», explica o jogador.

O futuro imediato passa pelo DPMM, pelas viagens entre o Brunei e Singapura. De qualquer forma, o antigo internacional sub-21 por Portugal não descarta um regresso ao seu país. «Para já, quero continuar a ajudar a equipa a alcançar os seus objetivos e continuar a marcar. No futuro, logo se vê. Claro que gostaria de regressar a Portugal um dia», remata João Moreira.